14 de novembro de 2016

Ushuaia - 17º dia - Glaciar Perito Moreno

17º dia – Glaciar Perito Moreno (El Calafate)
14/11/2016
169 km (7.738 km)

Programa de hoje: visitar o Glacial Perito Moreno. O dia amanheceu muito frio, cerca de 6ºC, e ficou nublado o dia todo, assim a temperatura não subiu. Passeio marcado para as 15:00h, necessário chegar às 14:30h no porto.

Aproveitamos para dar outra volta na cidade e resolver alguns perrengues. Primeiro passamos em uma loja de motos e acessórios, disseram ser a única mais completa da cidade, porém ela não abre às segundas-feiras. Liguei no telefone celular anunciado, o dono disse que é de Rio Gallegos e que só abre a loja no meio da semana, não tinha como me atender.


Então, seguimos para as lojas de artigos esportivos, e depois de olhar muitas luvas de esqui (não tinha para motos), comprei finalmente uma, a que tinha maior especificação para frio com 3 ❄❄❄. E, novamente, aquela hora do... 🖕🖕🖕... foi uma grana alta, tive que fazer meu primeiro saque no Banco da Patagônia, mas seguirei para Ushuaia sentindo menos frio, pois a única coisa chata da viagem estava sendo mesmo meus dedos congelando.

Depois, avaliei juntar uma tralha menos importante e enviar para casa via correio, porém descobri que exigiria uma burocracia de aduana e o preço é alto demais. Só mandei uns postais para casa.

Mais umas voltas, alguns regalos comprados, um rápido lanche e saímos cerca de 12:00h para o trekking.


Aproveitei para confirmar com os comerciantes sobre o outro restaurante para comer o cordeiro patagônico, perguntei onde havia restaurantes menos turísticos, e onde eles mesmos levavam suas famílias, deu certo, todos nos indicaram o mesmo restaurante que o garçon da segunda janta do Ednei, de ontem, informou: o Restaurante El Ovejero, então vamos nesse, com certeza.

Não pagamos para o uso de van, da cidade até o passeio, fomos de moto, pois seria mais barato.

É muito fácil chegar ao Parque Los Glaciares, bastando seguir a Av. del Libertador, que continua na Ruta 11, indo direto ao Glacial. Caminho frio, mais frio ainda na área do parque por causa do lago, da da mata e do vento. Dia nublado a temperatura não subiu muito, mas a luva nova já estava dando alegria. A entrada do parque é paga, no valor de 75 AR (15 BRL).


A estrada entra pelo parque, com muitas curvas e paisagem muito bonita, passa pelo porto da face sul do glacial (de onde parte o passeio para o trekking)...



...e sobe a montanha, chegando a uma área de estacionamento, restaurantes e embarques dos ônibus para as passarelas de observação da face norte do glacial.


Somente é possível ir às passarelas pelos ônibus do parque, o tempo disponível era razoável, então era impossível não visitar as passarelas naquele momento (o motorista havia informado que os ônibus de volta eram constantes e rápidos).



Uma visão incrível, sendo perfeitamente possível avaliar o poder da natureza, que desloca a massa de gelo através do vale de pedra.



O Glacial Perito Moreno é uma importante reserva de água doce que também alimenta o Lago Argentino. Tem largura média de 5 quilômetros e alturas de camadas de gelo que chegam à 60 metros. O gelo é formado pela pressão de várias camadas de neve sobrepostas, caminhando a 700 m/ano montanha abaixo sobre as rochas das montanhas. Na sua extremidade partes vão se desprendendo e caindo nas águas do lago, fazendo um grande barulho, é o ponto alto tirar fotos nesses raros momentos. Mais raramente ainda, grandes porções de gelo se desprendem, formando um espetáculo que foi visto por poucos, recentemente em 1988, 2004, 2006 e 2008.

Faltando 45 minutos para a partida do barco para o trekking, corremos para o ponto de ônibus, o programa era pegar as motos e descer a montanha para o porto, bem rápido. Porém... o ônibus demorou para chegar, demorou para o embarque e voltou muito devagar, o tempo estourou, já estávamos no horário da partida do barco e nem tínhamos chegado nas motos ainda.

Quando chegamos no estacionamento, corremos para as motos e aceleramos o máximo possível, as curvas do parque viraram uma pista de corrida, muita pedaleira quase ralando o chão, e chegamos.... muito atrasados no porto, na entrada dava para ver o nosso barco já no meio do lago. Ferrou...

Paramos as motos, e ficamos igual a dois garotinhos que tiveram as bicicletas roubadas... vendo os ladrões fugindo. Já estávamos avaliando as opções de, se conformar com a perda, ou de agendar novo passeio, quando... um funcionário da empresa do passeio apareceu, perguntando se a gente era os brasileiros. Sim, somos!

O cara, perguntou o porque do atraso, e botamos a culpa no ônibus. Então, ele disse que iria ver se algum barco partiria nos próximos minutos, para buscar turistas do outro lado. Ficamos esperando, e depois de 10 minutos o cara veio correndo, gritando para a gente correr para o barco que estava ancorado. Conseguimos!

Fomos sozinhos no barco, até o porto do outro lado, ainda deu tempo de juntarmos ao grupo do trekking. Nesse momento todo, agradeci muito aos hermanos argentinos, aqui eles foram muito gente fina. Nunca mais falo mal desse povo!

Além do frio, começou um misto de chuva fraca, garoa e neve fina.

Para o trekking é necessário uma caminhada pela margem pedregosa do lago até o gelo, onde se dividem os grupos conforme o idioma e se coloca os grampos nos sapatos. Fomos com um grupo de alemães e outros gringos, então o papo foi todo em inglês (viajei um pouco na maionese, mas foi show).

Caminhada para o glacial
Galera aguardando o início do trekking, só gringos!


Durante o passeio, só gelo. Paredes, fendas, mini cachoeiras, e uma dose de uísque com cubos de gelo tirados do glacial.






Marcando território!

Quando chegamos de volta ao porto o céu estava totalmente encoberto, com muito vento, garoa com flocos de neve, e o frio era de 4ºC no painel da moto (fazendo a conversão para sensação térmica a 50 km/h, sentimos -12ºC, e para 80 km/h, foi de -14ºC). Nem a luva nova aguentou o tranco, todos os dedos das mãos congelaram, e doíam demais, dessa vez até o Ednei reclamou. Paramos para aquecer os dedos no escapamento da moto, até colocar a luva de boca aberta no escape eu fiz. O segredo é não deixar os dedos esfriarem, tem que manter a luva quente e enfiar a mão quente dentro, pois não há como a circulação reaquecer as pontas dos dedos, o frio vence sempre.



Vídeo da ida ao Glacial Perito Moreno (Youtube):


A volta foi sem curtir nada, somente pilotando, rápido para chegar no hotel e se aquecer. Na cidade, a temperatura era de 5ºC. A noite ia ser meio fria!

A noite, fomos de táxi para o restaurante, pelo preço, que é muito barato, não valia à pena uma incursão de moto ou à pé.

O restaurante El Ovejero é grande, escondido em uma rua meio escura, na verdade o estabelecimento é um hostel, com camping e restaurante. O o ambiente é legal (não é refinado quanto ao de ontem, e a gente não busca isso), o atendimento é bom e a comida saborosa.



Existem três opções de refeição:
- ensalada libre (mesa de frios e saladas à vontade)
- a la carte (com ensalada libre)
- ou cordero libre (carne à vontade com ensalada libre, refrigerante e sobremesa inclusos ao preço fixo de 320 pesos)



O Ednei embarcou no cordero libre, eu corri para a ensalada libre, acho que era melhor para meu sono. Jantar muito bom.

Resolvemos voltar à pé para o hotel. E foi muito frio, mas chegamos vivos. Hoje foi um ótimo dia!
Amnhã, Torres del Paine!


Dicas:

- Gasolina: 13,77 AR = 2,75 BRL (Daqui até Rio Grande, disseram que o preço será sempre este).

- Restaurante El Ovejero - restaurante, camping e hostel -  Rua José Pantin 64 - www.campingelovejero.com.ar - info@campingelovejero.com.ar - 54.2902.493422. O preço para apartamento duplo é de cerca de 800 pesos (160 reais), razoável para El Calafate.

2 comentários:

  1. Imaginando aqui o frio... levou luvas segunda pele pra colocar por dentro da luva de frio?

    ResponderExcluir
  2. Boa Paulo! Cara, eu levei, mas quando a luva não é realmente apropriada, nada resolve, pois o vento vai gelando a luva e uma hora chega nos dedos, não tem jeito. Depois que os dedos gelam, o sangue não tem mais capacidade de vencer o frio e aquecer a mão. Usei as mais variadas técnicas para tentar sofrer menos: segunda pele, luva cirúrgica, luva de algodão. Assim, a luva não esquenta, ela apenas segura o calor gerado pela própria mão. Parece besteira isso tudo, mas na prática é assim. O segredo é 1) ter realmente uma luva para o frio não entrar, 2) a parte interna da luva não pode estar gelada, 3) tem que enfiar a mão já quente dentro da luva. Pela conversão de sensação térmica, um frio suportável de 12ºC será sentido como -1ºC quando a velocidade é de 80kn/h.

    ResponderExcluir