16 de novembro de 2016

Ushuaia - 19º dia - Rio Gallegos

19º dia – Rio Gallegos
16/11/2016
536 km (8.819 km)

Bom dia frio!
Esquece o frio, vamos rodar. As 9:00 a gente já estava rodando. Rumo à Torres del Paine, tirar pelo menos uma foto e começar a rumar para Ushuaia. Agora faltam 900 km!





Trecho da Ruta 9 tranquilo, sem movimento até a entrada sul do Parque Torres del Paine, na Y-290. Por ali já é possível entrar no parque, já visitando a Cueva del Milodon (um monumento natural constituído de três covas, onde foram encontrados restos de milodons, mamíferos herbívoros grandes que se extinguiram no final do Pleistoceno). Como o acordo era só entrar no parque e tirar uma bela foto, seguimos para a entrada norte (lá perto da aduana).

Para chegar ao parque é preciso seguir para o Paso Don Guillermo e depois para a região da Laguna Amarga, onde fica a portaria, para chegar seguimos pela estrada (asfaltada, sem denominação), sentido oeste, e depois pela Y-150 (rípio).

A primeira visão do parque, mas ainda muito longe.

A entrada do parque é paga, no valor de 21.000 CLP (cerca de 120 BRL), bem caro! Mas, depois que se vê a organização e a propaganda de controle de turistas, ecologia, manutenção do parque, cuidado com lixo, etc., chega a se pensar que o preço possa ser justo. Além disso, pilotar milhares de quilômetros para chegar ali e ficar regulando 120 reais para visitar o lugar era ilógico.

Entrada do Parque Torres del Paine

Na cabana de informações/pagamento perguntei para uma funcionária do parque qual o melhor lugar para tirar uma boa foto das torres; ela indicou voltarmos pela Y-150, e entrar na primeira estradinha à esquerda, pois dali as torres ficam bem de frente. E para lá fomos, o detalhe é que esse caminho é antes da portaria (mas já dentro do parque, segundo ela), ou seja, nem precisava ter pagado para ir lá.


Minion Batman General Guemes ADV, sempre com os melhores selfies da viagem!
Realmente o lugar é bonito, tiramos fotos legais, mas as torres ficavam muito longe. Como o combinado era tirar uma foto legal, assim o fizemos e fomos embora. Torres del Paine não foi totalmente perdido, mas foi só 10% do esperado... vamos ter que voltar! Obrigatoriamente, não sei quando, Torres del Paine agora virou um roteiro exclusivo para o futuro!

Muito longe.!!  

Youtube

Embora... seguir para Rio Gallegos, o ponto de partida final para Ushuaia!

O trecho foi tranquilo, maior parte do tempo com vento empurrando a moto, dava até para escutar o barulho o motor. Seguimos tudo de volta, Ruta 40, 7, 5 e de novo a 40 pouco antes de Rio Gallegos. Tivemos que abandonar a opção de seguir o último trecho sul da 40, entre Cancha Carrera e Rio Gallegos, devido ao tempo já cronometrado para a volta para casa. (Antes e durante a viagem ouvimos, de várias pessoas, boatos de que este trecho final é muito ruim, na verdade não é. Está em obras com muitos trechos já asfaltados, nada diferente do que passamos mais ao norte - informação de abril de 2017).

Em Rio Gallegos procuramos um hotel indicado pelo grupo Riders Argentina, achamos, mas estava fechado. A busco por outro local de pouso foi no boca a boca mesmo, e dessa vez encontramos fácil. Hotel Sehuen, apartamentos razoavelmente confortáveis, com bom aquecimento e garagem externa.



Como chegamos no meio da tarde, decidimos ir a Punta Loyola, conhecer o naufrágio Marjorie Glenn. Caminho inicial por asfalto, final por rípio (cerca de 40 km), que chega a uma enorme planta industrial. O acesso ao navio é por um terreno um pouco difícil de pilotar, piso de cascalho onde as motos afundavam muito facilmente, uma estratégia era seguir passando sobre as moitas de vegetação rasteira, foram cerca de 500 metros assim, aliás a praia é de cascalho.

A tocada no rípio foi, novamente, quase toda em pé na moto, evitando judiar do amortecedor, que estava aguentando bem, mas cedia muito em lombadas ou valetas, dando um pouco de fim de curso, nada que prejudicasse a viagem. Estava dando certo, bora rodar!

500 metros finais para chegar ao naufrágio, caminho ruim.
Praia!

A narração a seguir, é longa... senta que lá vem história!

O Marjorie Glenn tem uma história muito interessante. Era um navio de carga à velas, com três mastros, construído em 1892 na Escócia; no momento do naufrágio viajava sob bandeira da Noruega. Com casco de 65 x 10 metros, transportando 1.701 ton de carvão e 19 ton de outros produtos, zarpou do porto de Shields, Newcastle, em 13 de junho de 1911, com destino ao porto de Rio Gallegos.




Em em 24 de agosto foi atingido por um grande temporal que danificou boa parte de suas velas o que o levou há 100 km ao sul de seu destino, em 9 de setembro, estava próximo ao Cabo Virgenes, quando ocorreu uma desconfiança de incêndio na carga, mas nada foi confirmado. 

O navio ficou ancorado ali até o dia 13 setembro, quando foi rebocado por um vapor até seu destino. 

No dia 14, começa a grande tragédia, a carga entra em combustão e o cozinheiro e outro marinheiro são encontrados mortos por asfixia. Ocorreram tentativas de retirar rebites e partes do casco da embarcação para que água entrasse e apagasse o incêndio, porém sem sucesso.

O fogo só foi extinto em 22 de setembro com muita briga para ver quem arcaria dos custos ocorreu. Era o comprador do carvão, donos do barco, companhia de seguros, porto, barcos que deram apoio e muita gente tentando se dar bem com a situação, ninguém queria sair no prejuízo, até pedidos de prisão do capitão ocorreram. 

Após o incêndio contido, a parte que sobrou da carga foi descarregada, e o navio foi comprado e doado à cidade de Rio Gallegos. Depois foi deslocado para a praia de Punta Loyola, onde se encontra até hoje como atração turística. 




Em maio de 1982, durante a Guerra das Malvinas, foi utilizado pela Força Aérea Argentina como alvo para treinamento de pilotos, em uma estratégia que consistia em voar com os caças A-4 Skyhawk a uma altura de 5 metros, a 900 km/h, com a finalidade de não serem detectados pelos potentes radares das embarcações inglesas que deveriam ser seus futuros alvos na guerra.

A grande ironia da história do Marjorie Glen é a seguinte: um navio contratado para transportar carvão britânico para Rio Gallegos, uma pequena cidade esquecida no sul do mundo, com 1500 habitantes, é destruído em uma região que se tornaria a principal região de exploração de carvão da Argentina.

Voltando à nossa viagem:

Muitas fotos e filmagens do navio. Voltamos para Rio Gallegos já sentindo bastante frio.

Para o jantar pedimos uma pizza na recepção, nossa experiências com pizzas argentinas não estavam sendo muito boas, mas esta veio razoável (já com saudade das comidas brasileiras).

Dicas:

Gasolina na Argentina: 13,77 AR = 2,75 BRL

Hotel Sehuen - Rawson 160 - Rio Gallegos - +54 (2966) 425683 / 429057 - http://www.hotelsehuen.com/ - apartamento duplo por 800 AR (160 BRL).

Parque Torres del Paine: http://www.torresdelpaine.com/




Nenhum comentário:

Postar um comentário