3 de novembro de 2016

Ushuaia - 6º dia - Los Andes/CH

6º dia – Mendoza -  Los Andes
03/11/2016
284 km  (3.310 km)

Hoje é dia de realmente melhorar a viagem, dia de off road, dia de cordilheira, vamos trocar o deslocamento por conhecer as paisagens.

O café da manhã do hostel é bem simples, mas bom: pão, medias lunas (sempre), leite, café, bolos, sucos. Só tem que lavar a louça usada, regras da casa.

Conseguimos deixar a maioria da bagagem no hostel, só levando para o Chile o necessário para uma noite, somente levei uma mochila amarrada sobre o banco.

Para o caminho até Uspallata, fugimos da tradicional Ruta 7 e fomos pela Reserva Natural Villavicencio, caminho totalmente de rípio. Uma estrada fantástica, já sentindo a altitude da cordilheira, porém sem qualquer ponto de apoio, sem postos, sem água, sem comida. Há o Hotel Villavicencio, no começo do trecho, mas é um local de 5 estrelas, só para olhar de longe. Esta Ruta Provincial 52 era, o antigo e único caminho para o Chile, deixando de ser utilizado quando em 1979 decretaram a construção da Ruta 7.

Início da ruta alternativa para Uspallata


Foram muitas paradas para fotos, filmagens e contemplação. Muitos guanacos, e me impressionei com um pequeno pássaro que sempre se aproximava muito da gente nas paradas, ou nos seguia lado a lado nas pilotagens.





O passarinho que ficava nos seguindo

Altamente recomendável este caminho, mas é off e totalmente selvagem. Só este trecho já vale um passeio de fim de semana. Muitos caracoles, trechos de estrada estreita, outros largos, muitas curvas costurando as montanhas. Em alguns pontos era possível sair da estrada e seguir para alguns cumes que serviam de mirantes.


Esta é a terra dos pumas selvagens, no caminho há alguns avisos, com instruções sobre como proceder caso se depare com um. Não vimos nenhum, mas garanto que, pelo menos um, viu a gente.



Visão da estrada à leste, despedindo da Reserva Villavicencio.

O caminho a patir da Reserva Villavicencio é uma pequena cadeia de montanha, chamada de Pré Cordilheira, tudo em subida, e a cada curva alta tem se a impressão que será a última, mas sempre vem outra.

Neste trecho encontramos os primeiros guanacos 




Após o trecho de subida, chega-se a um planalto, região conhecida como Paramillos de Uspallata, onde fica a Cruz de Paramillo, que se alcança seguindo uma via crucis construída para homenagear os jesuítas que passaram por ali no século XVII.



Cordilheira à frente, é muito bom ter a visão da neve eterna. Dali já é possível ver também o pico do Aconcágua.

Visão da estrada à oeste, topo da cordilheira.

Acabei subindo a via crucis de moto, no seu topo, 3100 metros de altitude.



Depois de 15 km da Cruz de Paramillos, se encontra uma cidade fantasma, que abrigava trabalhadores das antigas minas de Paramillos, entramos na estradinha que leva à cidade, mas acabamos por chegar em um prédio onde não haviam pessoas, não avistamos ruínas, cidade ou algo parecido, cartazes em uma porta indicavam que ali ocorre aluguel de quadriciclos para passeios, devendo ser para visitar as minas, o jeito foi voltar e prosseguir, pois ainda teríamos muita estrada até Los Andes, muita coisa a ver no caminho e duas aduanas para fazer.

No passeio é para ver algo assim (foto retirada da net)
Esta região de Paramillos merece um passeio com mais tempo, pois muitas estradas laterais levam a pontos de atração turística, ruínas de povos antigos, vestígios dos jesuítas, minas, histórias de exploração de Darwin. Inclusive ali foi gravado o filme Sete Anos no Tibet (com Brad Pit).

Até Uspallata o caminho é descida, com trechos bem planos, apenas passamos pela pequena cidade, abastecemos e seguimos a Ruta 7, para visitar os pontos famosos do do turismo: Estação de Esqui Los Penitentes, Puente del Inca, Parque Aconcágua.

Ruta 7:  toda asfaltada, ótimo piso, pista simples. A própria estrada, neste trecho, é um ponto turístico, com paisagens incríveis a cada curva, dirigindo-se para oeste, sempre com montanha à direita e o Rio Mendoza à esquerda.

Primeiro lugar que paramos não foi nenhum famoso, foi ao lado da ponte sobre o Arryo Cortaderas (logo após o Túnel 11), onde há um trecho da antiga estrada, com um túnel interrompido por um desmoronamento. Embaixo da ponte havia uma carcaça de caminhão.


Valeu a pena para se ter uma idéia sobre como era precária a estrada antiga.

Vídeo: Ruta 7 - Uspallata à Los Penitentes

Depois de 50 km a partir de Uspallata, chegamos em Punta de Vacas, que não apresenta atração alguma, há somente uma unidade da Germanderia Argentina, com um posto de verificação de documentos e uma unidade da Vialidad Nacional; é um vilarejo, com jeito de ter não mais que 50 habitantes. Possui o Parque Punta de Vacas, um local de estudos e reflexões, originado devido a algumas ações humanísticas que já ocorreram ali. Ali há um hostel (Refúgio Mundo Perdido), usado pelos turistas de Los Penitentes,. Não paramos.

Seguimos para Los Penitentes, 9 km à frente.

Los Penitentes, assim como as demais estações de esqui, obviamente estavam fechadas, já que não há neve esta época do ano, somente a eterna nos picos. A imagem que se tem das pistas é essa:


No inverno é assim:


Los Penitentes possui um um hotel, prédios para aluguel de apartamentos e alguns refúgios (um tipo de hostel com várias camas por quarto), mas tudo é fechado, não se vê ninguém, somente as pessoas que estão de passagem, como nós. Tudo é exclusivamente voltado para a estação de esqui.

Seguindo por mais 8 km... chegamos à famosa Puente del Inca.


Punte del Inca: é uma uma formação rochosa que originou uma ponte natural sobre o rio Las Cuevas. Este curioso acidente geográfico, ligado com suas nascentes de águas quentes e uma parte do antigo hotel abandonado Puente del Inca, é considerada uma área natural protegida.


Ali fica uma micro cidade (de pouco mais de 100 habitantes), de mesmo nome. Na verdade, descobrimos que o hotel não é aquela estrutura ligada ao acidente geográfico, ali eram só os locais de banho.


O hotel mesmo fica mais afastado, onde hoje se encontra uma capela (vide foto anterior). Ele foi destruído em um deslizamento de terra em 1965. Os hotéis ali eram importantes quando a ferrovia que margeia toda a Ruta 7 era ativa.

Rodamos mais 12 km e chegamos na entrada do Parque Aconcágua: é um parque provincial (estadual), de 71.000 hectares, onde se encontra o Cerro Aconcágua, com 6960,8 msnm. O acesso ao mirante, a partir da Ruta 7, é pelo Valle de Horcones. Os argentinos se orgulham de dizer que é a elevação mais alta do mundo, fora da cordilheira do Hilamaia.

Entrada do Parque Aconcágua
Pagamos 300 AR (60 BRL) por pessoa, por sermos latinoamericanos, recebemos as orientações e partimos para o Valle Horcones.

O caminho é de 2 km, em altitude, delimitado e não se pode pisar fora dele, o primeiro ponto de parada é a Laguna Espejo, que tem esse nome devido ser possível ter uma imagem das montanhas refletidas perfeitamente na superfície da água (logicamente quando não há vento).

Laguna Espejo

Os poucos 2 km não foram tão fáceis, a altitude mostrou seus efeitos e a caminhada cansou bastante, principalmente nos pontos de subida, mas...



 ...chegamos no mirante.


Do mirante se vê o Cerro Aconcágua e o caminho que leva a ele. 

Daqui para frente o caminho é para quem optar por trekking de 3 ou 7 dias, para dois destinos: pelo Valle de Horcones, ou pelo Valle de Vacas.

O próximo ponto seria a subida ao Cristo Redentor, porém, devido o caminho ser de rípio, subindo a montanha e ao horário, decidimos fazer isso na volta, então, segue para a aduana.

Antes de cruzar o túnel Cristo Redentor, o bicho do mato aqui teve seu primeiro contato com a neve, foi engraçado, uma neve suja de fuligem de estrada, ao lado da boca do túnel, mas já valeu a brincadeira (depois tem mais nessa viagem ainda), cruzando o túnel chegamos na Ruta 60 chilena, e fomos conhecer e descer pelos famosos caracoles, muito legal.



Seguimos para a Aduana, Paso Sistema Cristo Rendentor (integrado)... grande confusão, muito movimento, carro, moto, ônibus (muitos). Os guichês argentinos são divididos em pasos (etapas), numeradas de 1 a 5, porém tem paso 1 para ônibus, paso 1 para outros veículos, tem paso 2 que estava atendendo como paso 1, e assim foi. Primeiro vem a Germanderia, que olha os passaportes, depois a receita com as motos e então o Senasa (agricultura), e tudo funcionário padrão Brasil-mal-humorado que a gente conhece (afinal somos hermanos né, tudo igual, só muda o endereço). Mas calma, tem tudo isso de novo nos guichês chilenos depois, mas são um pouco mais organizados.

Tem acesso para o Cristo Redentor também do lado chileno, na Ruta 60.

Finalmente, mais um pouco e chegamos à Cuesta Juncal, onde ficam os famosos caracoles da 60.

Nada melhor do que mostrar em filme (4´44"):


Para ver de cima, separamos este vídeo do Youtube (abaixo), para provar mesmo que vale à pena ir lá!



Depois dos caracoles, só estrada descendo cordilheira para chegar em Los Andes.

Cidade de hotéis caros, procuramos, passamos por 3 e tudo com preços absurdos. Resolvi usar o mapa do Garmin para localizar um hostel mais próximo, e não é que funcionou? Rapidamente chegamos no Hotel Rucahue, com um preço menor, mas não menos caro, mas com apartamentos novos e confortáveis.



Apartamento muito confortável.
Como o almoço hoje foi muita água e um lanche com batata fritas na aduana, partimos para procurar uma refeição boa, em um restaurante no centro: um lomo a lo pobre com batatas fritas para o Ednei e outro com cogumelos para mim, razoável, uma boa janta.



Dicas:

Gasolina = 17,9 ARS = 3,58 BRL

Parque Aconcágua: http://www.aconcagua.mendoza.gov.ar

Hotel Rucahue: Telefone: +56 34 240 6366 - www.hosteriarucahue.cl - Gral. del Canto, 98, Los Andes, Chile.

Região de Paramillos de Uspallata, via Ruta 52 - é uma região que merece mais estudo para uma viagem mais devagar por ali. Há uma empresa (http://www.minasdeparamillos.com) que faz passeios, trekking e rapel nas minas.

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