15 de novembro de 2016

Ushuaia - 18º dia - Puerto Natales

18º dia – Puerto Natales
15/11/2016
372 km (8.133 km)

Pensa em uma manhã fria... foi hoje!
Temperatura às 06:00h de 0ºC e previsão para 6ºC às 12:00h.


Ou seja, a solução é esperar até a hora do almoço e sair com muito frio mesmo, pois não dá para usar a referência habitual de 9ºC para começar a rodar.

Aproveitei a manhã para dar uma organizada na moto e prender melhor a bolha, que havia quebrado uma haste no tombo do rípio e estava inclinada incorretamente. Nada que um pedaço de ferro de construção e uns "enforca gatos" não resolvessem facilmente.

Descobrimos, através da recepção do hotel que as aduanas chilenas estavam em greve, tudo parado, sem previsão de normalização. As excursões para Torres del Paine estavam canceladas. Ou seja, se fosse assim mesmo perderíamos um importante ponto da expedição.

Particularmente, depois de 15 dias na estrada, tombo, estresse de fazer a moto rodar, eu fiquei bem decepcionado com a notícia. Uma frustração total bateu. Fiquei muito mal humorado. Afinal, depois de muita organização, empenho e dinheiro, perderíamos Torres del Paine. Fiquei muito mal humorado e chato, chato mesmo, reclamei bastante por muito tempo, a frustração tomou conta, uma "coxisse" só; o Ednei foi um grande parceiro nessa hora, em aguentar minha encheção de saco!

A frustração era porque Torres del Paine é muito longe, pelo tamanho da viagem já é praticamente no fim, e voltar ali, um dia qualquer no futuro, seria outra viagem igual (distância, tempo e gastos), e pouco provável nos próximos anos. Ou seja, um grande destino perdido.

Não poderíamos esperar a aduana voltar a trabalhar normalmente, pois o tempo para ir a Ushuaia e voltar para casa já estava cronometrado, pelas distâncias, a gente teria que partir de Ushuaia no dia 19/11 (daqui 4 dias), para chegar em casa no domingo, 27/11.

Em contato com os Riders Argentina, recebi a informação que a greve era parcial no Paso Rio Don Guillermo, eles estavam atendendo pelo tempo de 1 hora, alternado com 4 horas parados. Corri à recepção para saber mais notícias, mas o gerente não pode confirmar esta situação.

Pegamos estrada e seguimos a 40 sentido Rio Gallegos. Mas no caminho, Torres del Paine não saía da cabeça, nem o frio dolorido e os ventos mais fortes que pegamos em toda a viagem (pilotando para o sul, com vento oeste) interromperam a vontade de ir para o Chile.

Como não iríamos mais para Torres del Paine, continuamos pela 40, até o entroncamento com a 5. Aqui vai uma dica: tem que prestar atenção nas placas, porque neste ponto a 40 vira 5 linearmente, tudo no mesmo asfalto; a continuidade da 40 é virando 90 graus sentido sul, por rípio; alguns motociclistas já tinham nos informado que este trecho da 40 é muito ruim. (Dica: o caminho não estava ruim, nada diferente do que rodamos nos dias anteriores - informação atualizada em de abril/2017).

Entroncamento da Ruta 40 com a Ruta 5 (a 40 segue para o sul, por rípio)

Seguimos a 5 sentido Esperanza, pois é o caminho mais direto para Rio Gallegos.
Paramos em Esperanza para abastecer, tomamos um café e resolvi olhar o mapa de papel, dali à Torres del Paine eram só 125 km, com vento de frente, o que levaria umas duas horas para chegar. Fiz uma proposta bem maluca para o amigo Ednei, irmos naquele momento para o Paso Rio Don Guillermo, chegaríamos lá umas 16:00h, para verificar se a greve era total ou não.

Se a greve fosse total, a gente voltava, na hora, direto para Rio Gallegos. Com vento nas costas, empurrando, chegaríamos em Rio Gallegos umas 19:30 (270 km), ainda de dia.

Se a greve fosse parcial (horários alternados de atendimento), a gente esperaria e ainda dava tempo para entrar no parque e, no mínimo, tirar uma foto com as torres, e dormir por ali.

O Ednei topou na hora, e foi muito bom ter a sensação de não pular Torres del Paine, mas isso era só uma possibilidade ainda. Eu sempre digo que viagem de moto é igual casamento, cada hora um tem uma idéia, cada um cede um pouco e o relacionamento segue saudável. Parceria de viagem é isso! Pelo menos acabou a depressão!

Então, voltamos pela 7, e depois pela 40. Em alguns trechos as motos não andavam mais do que 90 km/h com vento frio de frente. Nas paradas para algumas fotos, tinha que deixar as motos bem inclinadas contra o vento, pois balançavam, podendo cair facilmente; até andar a pé era difícil.

Chegamos na aduana argentina, tramites normais, sem detalhes.

Aduana Argentina
xt660.net na área!!

A aduana chilena fica a uns 6 km por rípio. Chegando lá umas 16:30h, muitos carros, vans e bicicletas, deixamos as motos na fila e fomos avaliar a situação: realmente a greve era em horários alternados!



Atendimento por uma hora ás: 08;00, 13:00, 18:00 e 21:00h.





Ás 18:00 começou o atendimento, e com um bando de alemão furando fila (isso mesmo, europeu furando fila, em massa!), fomos os latinos educados atendidos quase que por último.

A entrada do parque fica ali na aduana mesmo, há hostels em uma pequena vila, mas resolvemos ir conhecer e dormir em Puerto Natales (só 60 km), e fazer a visita amanhã.

Ruta 9, la Ruta del Fin del Mundo, ao pé das montanhas, paisagem muito diferente da Argentina (que estava ali do lado). É incrível como a paisagem muda drasticamente andando poucas dezenas de quilômetros. Passamos por fazendas, pasto verde, áreas mais úmidas,



Seguimos a 9 até margearmos Canal Señoret e chegar na cidade portuária de Puerto Natales, por volta das  19:30h.

Ainda havia, pelo menos, mais duas horas de sol, mas o frio era muito, então depois de umas 4 consultas em hostels, escolhemos o Hotel Blanquita, por 30.000 pesos (cerca de 175 reais); que na verdade, parece mais com uma casa muito grande, toda de madeira, de um casal de idosos atenciosos, mas sem muito papo, os apartamentos ficam no andar superior, com boa cama e aquecimento (fundamental). As motos ficam na rua, mas ali nos garantiram que não há qualquer risco de alguém mexer.



Saímos à pé pela cidade, para comprar uns regalos, fazer câmbio e jantar ...as fotos falam por si:










Comemos enormes lanches em um bar, cheio de chilenos assistindo Chile (3) e Uruguai (1), pelas eliminatórias para a Copa do Mundo.



Puerto Natales é uma cidade bonita, com uma mistura de prédios antigos e novos, muito limpa. Descoberta e explorada entre os séculos 16 e 19 por muitos expedicionários que hoje tem seus nomes famosos:  Robert Fitz Roy, William Skyring, James Kirke e Charles Darwin. Uma cidade fria, com temperatura média máxima de 13ºC para novembro (raramente já chegou a 28ºC), a média fica em 10ºC e a mínima média é de 5,2ºC (podendo chegar a -4ºC).

Com tanto frio na rua, fomos logo para o hotel, dormir e voltar a Torres del Paine, pelo menos para uma foto, amanhã.

Faltam só 1.000 km para Ushuaia, estamos chegando!

Dicas:

Gasolina na Argentina: 13,77 AR = 2,75 BRL
Gasolina no Chile: 770,00 CLP = 3,70 BRL

Entroncamento 40 x 5: O asfalto segue direto, fazendo a 40 virar 5 linearmente. Neste ponto a 40 vira 90 graus para o sul, por rípio. O pavimento não é diferente do que em trechos anteriores. (vide mapa no texto deste relato).

Hotel Blanquita: Carrera Pinto 391. Por 30.000 pesos (cerca de 175 reais) no apartamento duplo.






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