18 de novembro de 2016

Ushuaia - 21º dia - Ushuaia!!

21º dia – Ushuaia - Fin del Mundo!
18/11/2016
9.170 km até o fim da Ruta 3
153 km (9.196 km)

Agora sim! Ushuaia chegando! Clima de hoje: frio (lógico), nublado, neblina na estrada, e trechos de fina garoa o tempo todo.

O caminho foi curto, mas muito bonito, no início contornando o Lago Fagnano, com a visão dos picos nevados. Depois foi passando por entre as montanhas, nesse trecho a pista é estreita, com muitas curvas fechadas, piso molhado, tem que ir com muita atenção e não se empolgar muito na velocidade.

E finalmente chegamos no portal da cidade! Pode-se considerar praticamente a missão como cumprida, pois o esforço era para chegar ali. Até agora, tudo valeu muito à pena!



Decidimos procurar logo o Hostel Ailen, que eu já tinha na lista, achamos fácil, o preço não foi bom, 1.300 pesos (260 reais) o apartamento duplo, mas os outros eram mais caros.

Hostel Ailen
Apartamento com conforto razoável para um bom banho, um bom sono aquecido.

Deixamos a bagagem das motos no hostel, para seguir ao fim da Ruta 3, no Parque Nacional Tierra del Fuego. O acesso ao parque é pago, no valor de 350 AR (70 BRL) para estrangeiros.



Caminho fácil, de cerca de 50 km por dentro do parque. Seguimos direto para o fim da Ruta 3, no km 3.079. Sem dificuldades para chegar, é uma estrada única, somente deve-se ficar atento para o piso molhado, que tem pontos escorregadios (barro).

Bahía de Lapataia
Desse jeito, vamos chegar nos 15 mil km nessa trip!
Já estou achando que Alaska é moleza!
Bahía de Lapataia

Último km da Ruta 3.
Na volta, visitamos a estação do Tren del Fin del Mundo, mas resolvemos não fazer o passeio devido ao preço alto de 690 AR (147 BRL). Mas a estação já é um lugar bem legal de fazer uma visita.

Estação do Fim do Mundo



O Correio del Fin del Mundo, onde é costume carimbar o passaporte e enviar um postal para casa, estava inativo, devido a uma inundação no caminho. (Dica: a agência do correio no centro da cidade faz o mesmo serviço).

No caminho para a cidade paramos em uma padaria para almoçar, de longe eu vi uns pães de queijo! Isso mesmo, pão de queijo em Ushuaia! Na hora que eu perguntei para a atendente se era mesmo, ela respondeu que era, mas não tinha o mesmo gosto do brasileiro, e emendou, "eu já trabalhei no Brasil, sei como é"! Pedimos uns 8 e uma Coca litro, e foi o almoço.

No porto, tiramos a foto clássica, demos uma volta no centro para fazer cambio, sacar dinheiro no Banco Patagônia, comprar uns regalos e visitar alguns restaurantes para avaliar os cardápios, pois hoje é o grande dia do segundo tradicional prato clássico da viagem: a centolla!

Ushuaia, no verão! (Imagina no inverno)

Chegamos mesmo!
Na busca da centolla: dessa vez, o esquema dos restaurantes de enrolar turista não ia pegar a gente. Alguns serviam a centolla viva, inteira, daquelas que você escolhe no aquário; outros serviam pratos com carne do caranguejo gigante; todos caros demais. Então passei a perguntar nas lojas, aos atendentes, qual o restaurante que serve uma boa centolla que não é só para turistas? E emendava: onde você levaria sua família para comer centolla? Nos indicaram um fora da rua central, na baixada, o El Viejo Marino. Fomos lá, tiramos todas as dúvidas possíveis, a dona era meio grossa, pois a gente era totalmente leigo, e ela não teve paciência alguma de explicar, lógico que fiz umas perguntas banais, do tipo: "serve quente ou frio", "vem inteira"? Bom, vivendo, viajando e aprendendo. O jantar então já estava definido!

Porto.
Ushuaia é uma cidade bem movimentada, com trânsito intenso, tanto no centro quanto nos bairros. O centro fica logo acima da área do porto, e aos pés das montanhas ficam os bairros residenciais e industriais. A região dos bairros é bem parecida como andar em alguns bairros da zona norte da cidade de São Paulo, muito morro, muito carro.

Centro da cidade.

Minion Batman General Guemes ADV, achou seu bairro!
O Ednei seguiu para a concessionária Suzuki, trocar óleo e pneu da moto, e resolveu ficar esperando o serviço.

Eu resolvi conhecer o Glaciar Martial, que fica perto, nas montanhas ao norte da cidade. O caminho é fácil, basta perguntar onde fica o acesso para os hotéis Altos Ushuaia, Las Hayas Resort ou Hotel del Glaciar, é o mesmo caminho para a Estação de Esqui.

Na base da estação de esqui começa uma estrada, em subida, onde não passam veículos, que leva ao glacial. O caminho é longo (cerca de 3,5 km), todo em subida, em com trecho final nas trilhas da montanha. Subi vestido de jaqueta, calça e bota de pilotar, pois lá em cima poderia ser muito frio.

Teleférico da estação de esqui... ainda muito longe da neve.

Daqui ao gelo, ainda faltava 2 km. Para quem enxergar uma linha reta, quase horizontal nas montanhas, ali é uma trilha a pé.

A caminhada é bem árdua e tem que ser feito com calma para quem não tem tanto preparo físico. Eu fui, com o peso da roupa e me cansei bastante, quando pensei em desistir, já tinha andado tanto que não valia mais à pena. Finalmente, no topo, no meio da neve, com visão da cidade toda, do Canal de Beagle, os picos nevados atrás, pude descansar em um longo momento de contemplação e reflexão.


Ali, com poucos outros turistas corajosos, que não chegaram perto, parei, fiquei sozinho e pensei em toda a viagem, o porque que fazemos isso, como fazemos e para quê!? As conclusões foram boas, me levaram a refletir sobre a própria vida. Depois de 9.000 km, a gente roda e para em uma paisagem muito louca, só... para pensar na vida. Fantástico, poucas vezes temos oportunidades dessa. Coloquei muita coisa em ordem na minha cabeça!



A descida, lógico, foi mais tranquila, cheguei lá no estacionamento da estação de esqui suado e com a outra bota com a sola soltando (não é a mesma que arrumei em Bariloche), valeu a pena!

Voltei na concessionária Suzuki e a moto do Ednei já estava pronta, fomos rodar pela cidade!

Concessionária Suzuki (oficina multi marcas), ótimo atendimento!

Voltamos sentido hostel procurando uma sapataria para consertar minha bota, ou no mínimo uma loja de ferramentas para comprar um rolo de silver tape e resolver o problema, a única coisa que consegui foi um longo bate papo na loja de ferramentas, os donos se empolgaram em ficar perguntando sobre nossa viagem, e nem tinham silver tape.

Com muito custo e indicações (daquelas complicadas) do povo na rua, encontrei uma sapataria. Mas uma vez, sorte, a dona, uma moça de uns 35 anos, super atenciosa, já entendeu o problema e passou a bota na frente de outros serviços para fazer na hora. Dessa vez fiquei com o pé descalço dentro da loja mesmo. A dona pegou no papo de viagem e acabei contando quase todas, Atacama, Sul do Brasil, Jalapão, etc. O serviço ficou tão bom quanto o de Bariloche, e mais uma vez ouvi a recomendação: "estas botas tem que ser consertadas com costura dupla, se não, não aguenta" (viu, sapateiros do Brasil?!). Paguei o equivalente a 20 reais e saí feliz da vida, no frio de 6 graus. Me perdi, demorou um pouco para achar o caminho para o hostel.

Taller de Calzado Vera... Kuanip 1173.
O hostel não tem garagem, as motos dormiram na rua. Mas, garantiram que ninguém mexe, na dúvida, a Negona dormiu com o cadeado na coroa.

Hora do jantar! Hora de Centolla! Ushuaia, 20:00h, 4ºC na rua. Andar de moto? Nem a pau... fomos de táxi, a preço justo (barato).

Restaurante el Viejo Marino. Sentamos, pedimos a centolla, a garçonete perguntou se queríamos escolher uma no aquário, deixamos melhor eles fazerem isso. Em poucos minutos, passa ela com um caranguejo vivo, enorme, se mexendo pelo meio do salão (faz parte do show).

Centollas vivas... é só escolher!
Entrada de frutos do mar e cerveja Beagle.

Em poucos minutos chegou o prato. Ainda bem que a garçonete ensina como comer, como cortar cada tipo de parte do bicho. Com um acompanhamento básico e cervejas argentinas, foi um ótimo jantar, valeu à pena.

A dúvida quando chegou.... como se come?
Foi uma boa surpresa este prato típico que não pode faltar em uma ida ao Fim del Mundo!

Não se engane! É muito caranguejo para duas pessoas.... olha o estrago feito!


No mapa abaixo estão algumas referências para andar em Ushuaia, não é difícil:

Ruta Nacional 3 - entrada da cidade
Luis Fernando Martial 3560 - estação de esqui (partida para o Glaciar Martial)
Avenida Leandro N. Alem 3981 - Hosteria Ailen
Ruta Nacional 3 (fim) - Bahía de Lapataia
Avenida Prefectura Naval - totem para a foto tradicional (região do porto, baixada do centro)
Avenida Maipú 229 - Restaurante El Viejo Marino (centolla)

Resolvemos começar o caminho de volta para casa amanhã cedo. São cerca de 5.000 km direto, e para chegar em casa no dia 27, vamos ter que rodar uma média de 555 km por dia, é um bom número que dá segurança compensar qualquer perda de tempo ocasionada por perrengues que venham a acontecer. Daqui 9 dias, estamos em casa! Nunca fiz uma viagem de volta tão longa! Ahh, e ainda falta o km 0 da Ruta 40!


Dicas:

Gasolina: 13,75 AR (2,75 BRL)

Hosteria Ailen: Avenida Leandro N. Alem 3981- info_hosteriaailen81@yahoo.com - www.hosteriaailen.com.ar (o site é muito mais bonito do que o hotel) - Caro: 1.300 AR (260 BRL) por apartamento duplo, mas em Ushuaia tudo é caro, este é um dos mais baratos, com apartamentos simples, mas o suficiente para um bom sono quente. Café da manhã simples. Sem garagem.

Restaurante El Viejo Marino: Calle Maipu 229 - https://www.facebook.com/elviejomarinorestaurant/

Parque Nacional Tierra del Fuego: https://www.parquesnacionales.gob.ar/areas-protegidas/region-patagonia-austral/pn-tierra-del-fuego/ - Tarifa: 350 AR (70 BRL).

Tren del Fin del Mundo: http://www.trendelfindelmundo.com.ar/ - Tarifa: 690 AR (147 BRL).

Suzuki Motos TDF: Gobernador Paz, 668 - Telefone: 02901 - 422843 - www.suzukimotostdf.com.ar



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