5 de novembro de 2016

Ushuaia - 8º dia - Bardas Blancas

8º dia –  Mendoza – Bardas Blancas
05/11/2016
543 km (4.160 km)

Hoje, dia de Ruta 40.

Café tomado, só esperamos o estacionamento abrir, arrumamos a tralha e partimos. Parada para abastecer, calibrar pneu, tirar foto da esquina onde ficava o antigo km 0 da Ruta 40 (quando era divida entre partes norte e sul), no entroncamento da Avenida San Martín e a Rua Garibaldi (informação aqui graças aos estudos de história da ruta feitos pelo Ednei).

Tá aí o Ednei, no antigo km 0

É muito arcaico o sistema de calibrar pneus de alguns postos, em quase todos o equipamento é grande, desajeitado e com botões sem descrição, para nós levava um tempo para descobrir o funcionamento. 



Neste posto há duas mangueiras, uma para encher (preta) e outra para medir a pressão (azul), mas as duas eram pretas.

Estávamos com uma visita agendada na vinícola Catena Zapata, mas o tempo fugiu um pouco do controle e tivemos que cancelar, porém, para não deixar a história em branco, passamos lá em frente.

Fácil chegar, estradinha de terra que nasce na Ruta 7, com muitas vinícolas, todas muito bem cuidadas, com estruturas impecáveis.



A visita às vinícolas é atração turística da região, devem ser agendadas, são pagas e há degustação.

Vinho produzido com água de degelo da Cordilheira, só por isso já é bom.

Vinho Catena Zapata é bom, já tomei muito desse, caro, em casamentos, conhecer onde é produzido... confirma a qualidade!






E entramos na 40, até achar a primeira placa para uma foto importante, a primeira!

Estamos nela!
Começamos pelo km 3.256, é o que falta para Cabo Virgenes (km 0), estamos indo!


Levando a TTF xt660.net para passear!
E o Minion Batman General Guemes ADV, não podia faltar!
Segue pela 40, plana, movimentada, bom pavimento, é duplicada até pouco antes de Tunuyán, depois vira simples, mas bem conservada.


E foi nesse trecho em que a Negona se transformou em uma "Coroa Gostosa" (daqui uns dias, vem os 50):



Em Pareditas, o asfalto segue pela 143, sentido San Rafael, este é o caminho para quem não quer pegar rípio até El Sosneado.

Deve-se ter especial cuidado a olhar mapas impressos e/ou no Google para a região de Pareditas, pois aqui podem ocorrer várias confusões.

1) Se ao passar por Pareditas e não prestar atenção a 40 vira naturalmente 143, sentido San Rafael (caminho que se usa para chegar a El Sosneado, dando uma volta para não andar no rípio).
2) No ponto que nasce a 143, a Ruta 40 vira quase 90 graus à direita (sul).
3) Após a 40 virar para o sul, nascem duas Rutas 40, a do Google e a dos mapas impressos, elas descem paralelas para o sul.
- Do Google, à oeste: totalmente de rípio, vai direto para El Sosneado.
- Dos mapas impressos, à leste: com trecho inicial asfaltado, trecho seguinte em obra, e segue por rípio até a represa da Usina Água del Toro, da li segue por mais rípio até entroncar com a 144 (que vem de San Rafael) e depois chegando em El Sosneado.

No meu GPS eu estava com a 40 do Google (oeste), mas foi natural seguir o trecho inicial asfaltado e continuar pela 40 dos mapas impressos.

Um destes trechos é o antigo, o outro o novo, as informações são conflitantes.

As "duas" Ruta 40 de Pareditas
Depois do pequeno trecho asfaltado começou o tão famigerado e temido rípio da Ruta 40, aquele que em relatos é apelidado de o bicho, o cão chupando manga, onde o filho chora e a mãe não vê, onde se separam os meninos dos homens, vamos ver se é tudo isso mesmo (essa história toda me lembra do tal “Jalapão é foda”).

O rípio começa seguindo a obra de pavimentação (parada), é bem plano e firme, começamos andando devagar, mas depois dava para ir até 70km/h sem medo. Não passamos disso, pois durante alguns quilômetros seria um piso desconhecido, e a qualquer momento o verdadeiro rípio fodão poderia chegar e pegar a gente de surpresa.

Está aí o rípio, aqui começando bem transitável.
Depois de 29 km de Pareditas, dava para se ver a “40 oeste do Google”, bem longe, ali nasce uma estradinha (Ruta Provincial 58), e resolvemos ir lá ver como era, chegamos no entroncamento (58 x 40 oeste), onde seguindo pela 58 vai para a Reserva Natural Laguna del Diamante, uma grande lagoa, no pé do Vulcão Maipo na divisa com o Chile.



É um lugar bastante explorado turisticamente, com possibilidade de acampamento e pesca. A entrada é controlada e tarifada.



 Ali bateu uma vontade aventureira, aliás duas, a primeira de ir visitar essa laguna, a outra de seguir por esta 40. Mas haveria chance de ser duas loucuras, levando em conta que não havia indicações se a reserva estava aberta e se a estrada estava transitável, a placa indicativa do parque tinha espaços para informar isso, mas estavam sem informações, além do que poderiam ser mais de 120 km entre ida e volta, no meio do deserto desconhecido. Quanto à Ruta 40 oeste, ela é bem estreita, com aparência de falta de manutenção, por excesso de zelo, voltamos para a que estávamos e seguimos viagem.

Rodamos por aproximadamente mais 45 km, e nos deparamos com uma enorme represa (essa nós não estudamos, e nem esperávamos). Descemos até a margem, através de uma propriedade particular, que parecia ser usada como área de acesso para turismo em época de temporada. Ali, um senhor residente apareceu e nos explicou onde estávamos.


É a represa Água del Toro, formada pelo represamento da usina hidrelétrica de mesmo nome.




A estrada passa por cima da represa, um lugar espetacular. Uma particularidade desta represa: ali não ficam as turbinas, é somente uma represa mesmo, também não há comportas, a água é canalizada por baixo da represa e levada por debaixo do solo até um outro ponto mais baixo, onde ficam as turbinas.



Seguimos por rípio bom até o entroncamento com a 144, até aqui o rípio não se mostrou “o bicho” que todo mundo fala. O nosso problema foi errar o cálculo de combustível e ficar com medo de pane seca. Até ali rodamos cerca de 240 km, eram mais uns 60 km até El Sosneado, ou 115 km até Malargue. A dúvida foi, se não existisse gasolina em El Sosneado, chegaríamos ate Malargue? A XT chegaria “só no cheiro”, a V-Strom talvez não. Consultando o GPS, havia um posto na 144, sentido San Rafael, sem pestanejar fomos para lá e nos demos mal, o posto não funciona mais.

Restaurante do posto que não funciona
Pelo menos conhecemos uma lhama
Pelo mapa impresso, ali perto ficava a cidade de El Nihuil, seriam mais 23 km, fomos para lá.

Não foi difícil chegar à estacion de servicio, mas estava fechada.



Já estávamos gastando gasolina para procurar gasolina, isso não é bom. Depois de rodar a cidade toda, depois de umas 5 pessoas darem indicações de um posto (que achamos, fechado) e de dois vendedores de combustível clandestino (que não encontrávamos), paramos no corpo de bombeiros e o oficial de plantão sabia menos que a gente. Em uma última tentativa, alguém nos indicou o local correto, achamos, abastecemos e voltamos para chegar em El Sosneado.



É muito difícil conversar em dois idiomas, por serem línguas irmãs, a gente acha que entende tudo o que o povo fala, até entende, mas não entende nada, vou explicar; quando um argentino te dá a explicação de como chegar a algum lugar, por mais simples que seja, você vai errar; por incrível que pareça um simples “segue reto, vira segunda à direita, vira a primeira a esquerda, é uma casa vermelha do lado direito da rua, fácil” não vai funcionar, você não vai encontrar o lugar, e olha que tentamos.

Saindo da estacion de servicio clandestina, encontramos um grupo de viajeros argentinos, também procurando nafta.


A gente sem gasolina em uma região produtora de petróleo!? Fizemos um filme com dicas, ao lado de uma "bomba de cabeça de cavalo":


Em El Sosneado há um posto, mas como estávamos com os tanques cheios, dava para chegar em Malargue, abastecer e dormir por lá, seguimos.

Em Malargue abastecemos exatamente às 18:00, já rodados mais de 450 km, resolvemos aproveitar a luz do dia e compensar o tempo perdido, tocando até a próxima cidade possível, nem que fosse para dormir em um camping.

Rodamos por asfalto cerca de 65 km até o trevo antes Bardas Blancas, na própria cidade a 40 já é de rípio, começou a fazer muito frio, e o restante da estrada à frente estava em obras. Por causa disso resolvemos procurar hospedagem ali mesmo, mas não havia, o único hostel da cidade estava fechado, seria hora de acampar.

Hostel fechado.
Ficamos rodando uma, das duas ruas da cidade, procurando um canto para montar o acampamento, e já haviam duas opções, o estacionamento atrás do hostel fechado e uma igreja em construção (que já tinha paredes e telhado).



Mas, como de vez enquando, nestas viagens, o inesperado é favorável, um rapaz que olhava a gente subindo e descendo a rua nos chamou, era o dono de um quiosco que estava fechado, mas ele abriria para nos fornecer refeição e deixaria fazermos acampamento no gramado do estabelecimento, o Kiosko do Kiko, e viva o Kiko!

Montamos as barracas, comemos uma pizza feita ali na hora, vendo as fotos de pescaria de truta nas paredes e conversando com o amigo anfitrião.





Sem banheiro, chuveiro, etc, dormimos como pudemos, eu só tirei a jaqueta de pilotar e a bota, deitei sobre o saco de dormir e apaguei. De madrugada, o frio pegou feio, tirei a calça de pilotar, fiquei só com as segundas-peles e me enfei no saco de dormir, não averiguei, mas deve ter feito menos de 5 graus.

Dicas:

Gasolina = 15,25 ARS = 3,05 BRL (4,00 BRL na clandestina).

Vinícola Bodega Catena Zapata - Cobos s/n, Agrelo - Luján de Cuyo (5509), Mendoza, Latitude 33° 10' 4.264" S - Longitude 68° 54' 14.522" W - +54 261 4131124 - turismo@catenazapata.com - www.catenazapata.com

Reserva Natural Laguna del Diamante:
http://reservalagunadeldiamante.blogspot.com.br

Bardas Blancas: seu nome é referente às paredes verticais (bardas) que seguem o leito do Rio Grande e são de coloração branca. É uma cidade com atrações turísticas interessantes. Como estávamos só de passagem, não programamos visitas. Mas estes são os pontos turísticos para um próxima vez:
- Bosque Petrificado: ao sul da cidade, pela Ruta 40, 9 km após Bardas Blancas, entra à direita em estrada particular. Onde se encontra restos de árvores (parentes das araucárias) petrificadas há mais de 100 milhões de anos.
- Reserva Provincial El Payén (La Payunia): ao norte, pela Ruta 40, sentido Malargue, entra-se à direita (à leste) para a ruta provincial 186, após 20 km, em uma bifurcação, siga à direita (para o sul) e se chegará à Reserva. É uma região com alta concentração de derrames de lava e vulcões (10,6 vulcões a cada 100 km²).
- Reserva Natural Caverna de las Brujas: ao norte, pela Ruta 40, sentido (norte) Malargue, depois de 3 km, entra-se em estrada de terra à esquerda. São conjuntos de cavernas, com estalactites e estalagmites formadas por infiltração de água de degelo. As visitas devem ser agendadas na Dirección de Turismo de Malargüe e os passeios são feitos por agências.
- La Pasarela: vamos passar lá amanhã. Ao sul, pela Ruta 40, cerca de 57 km. A rodovia cruza o Rio Grande. O local merece uma parada para algumas fotos. É uma grande fenda no meio de rochas vulcânicas, com o rio correndo no fundo. Ali também há uma entrada para La Payunia e dá para perceber bem o relevo "vulcânico".
- Fósseis de dinossauros: na entrada da cidade há placas e réplicas de fósseis de dinossauros. O Kiko comentou que estão fazendo esforços para que esta seja outra atração turística da cidade. Mas não descobrimos nada sobre onde ficariam os fósseis ou da presença de um museu.


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