Jalapão 2015 - 2º dia - Jaraguá/GO - Natividade/TO


Acordar cedo, tomar café... apertar o parafuso do protetor de cárter e rodar.

Trecho sem novidades, pista simples, muito caminhão e calor. O programa foi entrar no Tocantins até Alvorada e chegar em Natividade para conhecer a cidade.

E eis que aparece a terceira divisa para um novo estado desconhecido: Tocantins!

Calor de 40 graus, chegando no Tocantins!


Marcando território!

Finalmente Talismã, a primeira cidade e me lembrei: hoje é domingo, após o almoço, no cerradão de Tocantins... borracheiro?!!!! Ferrou, queria trocar os pneus na BR, pois dentro das cidades pequenas com certeza ia pegar tudo fechado.

Fui até Alvorada passando pelos borracheiros, o primeiro estava trocando 8 pneus de uma carreta, o segundo foi piada: o cara tem a borracharia na calçada de casa, na marginal da rodovia, parei a moto e foi o tempo de tirar o capacete o senhor apareceu no portão, vale mais descrever o diálogo:

- Boa tarde!! A borracharia está funcionando?
          - Eu tô comendo um arroz - disse o borracheiro.
- Mas o senhor vai abri depois?
          - Vou, depois que comer o arroz.
- Mas que horas o senhor vai abrir?
          - Ahh... só no meio da tarde!

Como era cerca de 12:00, vai saber o que significa o "meio da tarde" do cara, desisti, agradeci. Porém, quando acabei de colocar o capacete e as luvas, o cara saiu de trás do portão, deu uma olhada na rua e saiu andando pelo quarteirão; ficou na cara que o sujeito não queria mais trabalhar hoje, mas não era mais fácil falar que já tinha fechado?!

Depois de passar por uns 3 borracheiros, um tava fechado, o outro não mexia com moto o outro estava com outro caminhão, encontrei um que topou fazer o serviço, mas falou assim: "vixe, nunca tirei roda de moto assim!". Me propus a ajudar e o serviço começou. Na verdade eu que tirei, e coloquei, as duas rodas da moto. O duro é ver o cara sofrendo com aquelas ferramentas de caminhão para descolar o pneu do aro e fazer a troca, ..."nos interiorzão" do Brasil, não tem máquina de desmontar pneu, pois trabalham mais com caminhão, e quando atendem carro ou moto vai no braço mesmo; aí... pneu de moto: aro de alumínio, pintado, pneus duros, chão de cimento... não é viadagem, mas sempre há risco de alguma coisa dar errado. Nem um desconto concedido, R$10 por roda.

Sai o careca velho (herança da Transalp)


Venha Jalapão!!!

Almoço de hoje: Rufles e refrigerante, num boteco de posto de beira de estrada, a funcionária estava mais interessada em lavar tudo para fechar do que me atender, e os últimos dois salgados disponíveis não estavam com uma cara muito boa.

Aqui começa o caminho para o Jalapão, saindo da BR 153, para leste, sentido Peixe e Natividade. Há 17 km depois de Peixe, passa-se por cima do Rio Tocantins, que segundo moradores estava com nível baixo, mas muito bonito, e já deu para perceber a transparência das águas dessa região, em qualquer ponto se vê com nitidez o fundo do rio.

Cheguei...


...Rio Tocantins.


Água totalmente transparente.

Embaixo desta ponte os turistas acampam e se banham nas águas, tinha muita gente, muitos carros. O pessoal de Natividade juntou ao redor da moto e queriam saber tudo sobre minha viagem, foi meia hora de papo, muito bom.
Visão a partir da margem.

Rumo à Natividade, escureceu, mas o trecho era muito curto, de uns 30 km, foi tranquilo. Pouco antes da cidade passei por um carro quebrado no acostamento e uma família do lado de fora, depois de uns 500 m o espírito da colaboração bateu... voltei; o pai da família estava com problemas no carburador do Gol quadrado e vi que eu nada podia fazer. Os celulares não tinham sinal, então anotei o número dele e de um amigo na cidade, chegando lá eu ligaria para o cara ir socorrê-lo, tudo certo... vombora!

Por indicação de frentistas cheguei ao hotel BBB da cidade, negociado o desconto para pagamento em dinheiro, fui tentar fazer a boa ação de ajudar a família do Gol... infelizmente a Vivo não gostou do meu celular e não havia sinal; é nessas horas que a gente se decepciona com as pessoas, lá vem a história com o recepcionista do hotel:

- Amigo, eu socorri uma família há uns 5 km daqui. O celular deles não pegam lá e me pediram para ligar para um amigo deles aqui na cidade, mas meu celular não pega, será que não posso usar seu telefone para ligar para o cara?
- Humm... difícil hein!
- O cara é um tal de Gaúcho dono de um restaurante.
- Sei quem é.
E pegou uma pequena lista sob o balcão, folheou rapidamente, impossível de ler algo naquela velocidade, e guardou novamente:
- Humm... não tem o número aqui.

Fiquei tão decepcionado com a má vontade que desisti. Infelizmente não pude fazer nada pela família. Assim como o borracheiro de Alvorada, o cara precisa fazer todo esse teatro para justificar sua má vontade? Não seria mais inteligente dizer que o hotel não permite o uso do telefone?

Natividade é uma cidade importante de Tocantins, mas à noite eu só consegui ver algo interessante durante a saída para jantar. Havia uma grande missa na praça da cidade, com barracas de comida em volta, creio ser uma quermesse.

Conheci um dos pontos turísticos importantes, as Ruínas da Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos:


Esta igreja começou a ser construída no século XVII por escravos da mineração, nunca foi concluída.


A região, no auge da mineração, possuía 40 mil escravos para a exploração de ouro (40 mil??? é muita gente para a época, mas é a história).

Inacabada mas muito bonita.

Parada no Restaurante Celeiro. Muito bem decorado, pequeno, com um mezanino e mais mesas na calçada, bem vazio no início, mas depois lotou. Cardápio promissor com pratos aparentemente refinados, mas não por isso caros. Preferi algo rápido e mais simples, um Cheese Salada no prato, sem pão; bom demais.

Restaurante Celeiro - foto tirada "amanhã" ;-)


Meio acabadim hein!
Dica: nessa região não se encontra Brahma.

Na saída do restaurante dois jipeiros motociclistas de Brasília me abordaram, já conheciam o Jalapão e enquanto um falava que o lugar era legal pra caramba o outro dizia sobre a dificuldade dos areiões, bom papo de uns 15 minutos, me passaram dicas e o contato de telefone para qualquer emergência nos arredores de Brasília, tá aí a união do povo na estrada.

Mais umas fotos da cidade:




Roteiro do dia:

Dica:
- Para quem vem do sul, porque não ir para o Jalapão por Porto Nacional e depois direto para Ponte Alta do Tocantins?
Motivo 1 - conhecer Natividade, creio ser uma cidade boa para passar meio dia conhecendo melhor.
Motivo 2 - Aproveitar o deslocamento até Ponte Alta já ir visitando a Cachoeira da Fumaça, Cachoeira do Soninho e Pedra Furada, que ficam fora do circuito Ponte Alta - Mateiros.
Roteiro: a partir de Almas, ignorar a estrada para Pindorama do Tocantins, pegar a estrada sentido Dianópolis, e na primeira estrada de terra à esquerda seguir sentido Rio da Conceição. Antes de chegar em Rio da Conceição haverá uma placa grande indicando Cachoeira da Fumaça, siga a orientação da placa virando à esquerda. Seguindo nesta estrada direto, visitará os pontos turísticos e chegará em Ponte Alta do Tocantins, chegará no meio da tarde na Pedra Furada que tem o auge para as fotos com o por do sol, ou chegará em Ponte Alta do Tocantins ainda com tempopara visitar o Cânion Sussuapara, que fica somente há 16 k da cidade. Vide mapa:



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