Jalapão 2015 - 3º dia - Natividade - Ponte Alta do Tocantins


07/09/2015 - Natividade - Ponte Alta do Tocantins - 270 km

Acordei cedo, um pouco antes das 6:00 para já ir na cozinha antes do café abrir e ver se já adiantava um leite e um pão, e senta que lá vem história de mal atendimento...

Salão de café trancado, tudo apagado, hotel em silêncio e recepcionista (aquele de ontem) dormindo no sofá. Aí, entra arrastando o pé, assobiando e o donzelo acorda, pergunto do café da manhã e ele devolve a pergunta: "Lá não tá aberto?".

Melhor descrever a ligação dele para a casa da mulher do café:
- Você não vem fazer o café?
- Tem hóspede aí?
- Tem, já são 6 horas.
- Mas é feriado, o café não é as 7:00? Acabei de acordar, to indo, mas já avisa para a pessoa que vai atrasar.
- Moço, a mulher esqueceu.

Então, paguei a conta e fui pegar a moto para ir embora. Quando passei em frente a porta da cozinha do café vi que o recepcionista estava lá dentro. Parei e perguntei se não tinha um copo de leite e um simples pão.
Resposta irritante: "Hummm, difícil".
Fiquei meio p da vida: - Mas não tem um leite qualquer aí na geladeira e um pão de ontem?
Resposta "inteligente": Ahaa, o senhor quer leite frio mesmo?

Aí o cara me deu o leite, entrei para o salão e achei um chocolate, achei umas torradas e comi; aproveitei para encher o camelback no bebedouro de água gelada.

Ôôô padrão Fifa de atendimento! Nem vou dar a dica do hotel aqui.

Mais uma volta rápida na cidade, tirar a foto de "ontem" do Celeiro e parti rumo a Almas. Ao chegar na cidade encontra-se fácil o trevo que vai para Pindorama do Tocantins, por asfalto. Segui um pouco mais adiante e achei a estrada para Rio da Conceição, agora é só terra até Ponte Alta do Tocantins.

Saída de Almas para Rio da Conceição... começou a terra!

Hoje andei com o GPS ligado, com a rota dos pontos de visita, e para marcar minha trilha.

Estrada rural, sem crise. Antes de chegar em Rio da Conceição há uma placa bem grande indicando Cachoeira da Fumaça, não tem como errar, vira à esquerda e segue. O primeiro rio com bastante água no caminho já é o da Cachoeira da Fumaça.

Rumo à Cachoeira da Fumaça, Cachoeira do Soninho e Pedra Furada.... à direita.
Não tem como errar.

E até a Cachoeira da Fumaça é assim, estrada boa.


Até que se chega ao rio... a ponte é de madeira, muito mal conservada e perigosa para motos: tábuas soltas, faltando e algumas podres; não dá para passar de uma vez tem que andar uma parte, desviar para outra melhor e ir assim.

Ao redor da ponte é um bom local para banho e para muita gente ali.

A Cachoeira é mais abaixo e tem que ir por uma trilha entre a mata ciliar descendo a o barranco, mas vale a pena. O volume de água é muito grande e a queda faz muito vapor parecendo fumaça, é possível entrar atrás da queda, mas sozinho e com chão liso melhor só tirar foto.

Cachoeira da Fumaça, vista de cima.

Parte de baixo... e a fumaça se formando.

Votei, banho no rio e vombora.

Mais à frente outro rio grande, agora com uma ponte de concreto, é o rio que forma a Cachoeira do Soninho, mas ali não há sinal algum da cachoeira, só descobri perguntando a um guia que estava ali com um casal de turistas. Agora, a parte sobre cidades pequenas: o guia olhou para mim, e para a moto e soltou: "Você não é o cara que vai andar com o Cristiano (guia de Ponte Alta do Tocantins)?" Sem eu ter tempo de responder o cara emendou outra: "Você não está meio atrasado?". Fiquei imaginando, metade de Ponte Alta sabe que estou chegando... e, não estou atrasado, pois saí sábado de casa para rodar 1600 km em 2 dias e meio.... tô dentro, e viva a Rádio Patroa!

Com a dica do guia, segui e mais à frente, à esquerda, há uma estrada (meio trilha) íngreme que leva à cachoeira. Carro 4x4 só vai na metade, moto muito grande vai um pouco mais, desci de moto com certa dificuldade (nem lembrei que tinha que subir).

Trilha.. tipo... assim!


Rio que forma a Cachoeira do Soninho.

Cachoeira animal! Água muito forte, barulhenta, que corta a rocha em uma fenda profunda; muita violência da água.

Cachoeira do Soninho

Toda a cachoeira se junta em uma única fenda na pedra.

Mais abaixo, no desague, o rio enlanguesce em uma calma impressionante, muito "silêncio" de natureza.

Ao final da fenda... tudo calmo!

Toca o bonde, ou melhor a moto para a Pedra Furada. Pelas informações estudadas, seria possível ver a formação rochosa facilmente da estrada, à esquerda, e não deu outra, vi antes de chegar no ponto de entrada que o GPS indicava.

Mas...

... rapaiz!! Quando vi a estrada que ia para lá no meio de uma plantação de eucalipto... foi de entristecer... um areião branco com rastros de veículos, com uns facões de dois palmos de altura! Será que é isso que é o tal "o Jalapão é fo)@"??!!

Bom, vamos lá... primeiros 50 metros e.... já virei proprietário de terra no Tocantins!

Começou o tal "o Jalapão é f0)@"!!

Pensei, vai ser um tombo a cada 50 metros, daqui lá são uns 5 km, serão uns 100 terrenos comprados, vou virar fazendeiro! Mas fui firme e forte, cheguei lá. 

Para subir próximo à Pedra Furada tem que fazer uma curva de 90 graus no areião, ali foi meu erro do dia. A areia era muito profunda, a moto atolou, pneuzão cravudo cavou e a areia engoliu metade da roda traseira.

Certas imagens... não precisam e descrição.


Com calma pensei nas possibilidades e fui cavar, inutilmente, só serviu para cansar e acabar com minha água; aí a paciência acabou... pensa num caboclo sujo, suado, com sede e bravo... meu, fiquei muito #@$% com a situação. Descarreguei a moto, pendurei tudo nas arvorezinhas ali e subi o morro a pé para tirar algumas fotos.

O negócio é bonito, mas eu não tava muito animado, ainda mais quando a bateria da máquina fotográfica acabou, mas saíram algumas fotos.

Pedra Furada!


Voltando à moto, e agora? Como arrancar uma XT de 180 kg enterrada no chão? Não sei se essa técnica já existe, mas para mim foi uma novidade bem inventada na hora do sufoco. Puxei a moto de lado até ela deitar totalmente no chão e erguer os dois pneus, tampei o buraco e levantei ela novamente, pronto, tudo resolvido, moto desenterrada.

Sem o peso da tralha pilotei uns 50 metros para um terreno menos perigoso, o froids foi ir lá buscar a bagagem e voltar caminhando de bota, naquele areião fofo, com peso e sem água.

Moto montada... areião de volta, tristeza total... fiquei encanado... se o trecho de amanhã for esse areião, como vou conseguir andar 180 - 200 km? Fiquei assustado...kkk

Com tinha almoçado somente uns 2 litros de água durante o dia todo, resolvi fazer um lanchinho. Na primeira padaria que encontrei, foram dois pães, um salgado e uma Coca litro. Mais 20 minutos sentado na sobra sem fazer nada, só olhando para a rua.

A moça da padaria já indicou a melhor pousada que ela considerava, e lá fui eu para a Planalto. R$ 80,00 por um apartamento com ar condicionado (por R$ 60 dá para ficar em um quarto, sem ar com banheiro coletivo). Deixei a bagagem e fui dar uma volta de moto, ver a cidade, encontrar um posto de combustível. 

Cidade pequena é fogo. Eu estava em contato com o guia Cristiano há dias, e ia passando as coordenadas do meu deslocamento para ele. E não é que, de alguma maneira, o cara ficou sabendo que, além de eu estar na cidade, tinha ido para o lado do posto? Encontrei ele no meio do caminho. Preferi contratar o serviço do Cristiano, por indicação do amigo BQN, pois fiquei com receio do tal  "o Jalapão é fo)@". O serviço dele é ir de moto junto, acompanhar, e chegar nos pontos turísticos, além se ser companhia no caso de algum perrengue, pode ser coxisse, mas não sou ninja no off road e não queria ser visitado por lobos e onças à noite caso pegasse alguma trilha errada e levasse um tombo me machucando.

Fechei com o guia, e aproveitei para adiantar o serviço visitando o Cânion do Sussuapara, que ficava na estrada para Mateiros, mas só há 16 km da cidade. O cânion fica em uma baixada, e tem apenas uma placa feita de disco de arado em um poste, escrito "Cachoeira da Sussuapara", o acesso é a pé, descendo o barranco. O ponto é uma grande fenda, onde corre um riacho; fica-se o tempo todo com os pés no riacho. Em um dos paredões da fenda, em toda sua extensão, desce muita água, por isso há muitas plantas e raízes das árvores aparentes.

Cânion Sussuapara.

Cânion Sussuapara.

Cânion Sussuapara.


Foto.. foto... lugar bonito. Bora, tomar uma? Tomar uma ducha, jantar e dormir? Jantei em um pequeno restaurante na rua da pousada, a moça frita o bife na hora, foi simples mas um banquete!

Nem assisti TV, desmaiei... zzzzzzz!!!

Pousada Planalto



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DICAS:

Pousada Planalto
Além de hospedagem (quartos sem ar e apartamentos com ar e frigobar), faz pacote de visita com carro 4x4.
Atendimento pela Dona Lázara, muito gentil e conhecedora de tudo na região.
Preços de R$ 60,00 a R$ 85,00 (individual)
www.jalapao-pousadaplanalto.com.br



Repetindo a Dica:
- Para quem vem do sul, porque não ir para o Jalapão por Porto Nacional e depois direto para Ponte Alta do Tocantins?
Motivo 1 - conhecer Natividade, creio ser uma cidade boa para passar meio dia conhecendo melhor.
Motivo 2 - Aproveitar o deslocamento até Ponte Alta já ir visitando a Cachoeira da Fumaça, Cachoeira do Soninho e Pedra Furada, que ficam fora do circuito Ponte Alta - Mateiros.
Roteiro: a partir de Almas, ignorar a estrada para Pindorama do Tocantins, pegar a estrada sentido Dianópolis, e na primeira estrada de terra à esquerda seguir sentido Rio da Conceição. Antes de chegar em Rio da Conceição haverá uma placa grande indicando Cachoeira da Fumaça, siga a orientação da placa virando à esquerda. Seguindo nesta estrada direto, visitará os pontos turísticos e chegará em Ponte Alta do Tocantins, chegará no meio da tarde na Pedra Furada que tem o auge para as fotos com o por do sol, ou chegará em Ponte Alta do Tocantins ainda com tempopara visitar o Cânion Sussuapara, que fica somente há 16 k da cidade. Vide mapa:




Um comentário:

  1. Rapaz....o trem é bruto mesmo hein. Muito Legal.
    Continua, continua rsrsrsrs

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