Jalapão 2015 - 5º dia - Região de Mateiros


Depois de uma noite dormindo como pedra, o relógio biológico continua preciso... 06:00h de pé!
Aproveitar qualquer tempo mais cedo para dar uma ajeitada na motoca é importante: óleo na corrente e verificar o que for possível.

Na verificação percebi que o radiador estava bem sujo de poeira fina e vermelha, resultado do funcionamento contínuo da ventoinha puxando o pó da estrada, nestas condições é sempre um ponto a verificar para diminuir o aquecimento excessivo do motor. Mas problema de fácil solução: mangueira, torneira e água.

Óleo... desde a antiga Falcon desisti de conseguir precisão ao conferir o óleo nessas motos, é o processo de liga, desliga, poe a moto nivelada, que de vez em quando não dá certo. Dessa vez deu... tudo nos conformes. Negona saudável!

Café da manhã tomado, moto pronta, Cristiano pronto... vombora, conhecer a região de Mateiros. O caminho foi sentido São Félix do Tocantins, mas não chegamos até lá, ao fim do dia voltamos para a Pousada.

As estradas são com pouco cascalho, portanto, areião para todo lado. Mas hoje foi tranquilo passar por eles, sem terrenos negociados nessa região.

Ali há muitas pousadas às margens dos riachos, com placas indicando. Algumas também com opção de refeição (bom saber, para a hora do almoço).

Primeira parada: Fervedouro das Bananeiras (ou do Seiça... acho que é assim que se escreve). Na estrada tem placa, não é difícil encontrar. É o mais famoso da região, com muitas gravações de TV feitas ali. Como chegamos bem cedo, fomos os primeiros. Veículos não chegam perto, mas a caminhada a pé é bem curta, através de uma pequena mata. A visitação é paga, há um número máximo de pessoas aceitável dentro do fervedouro e o tempo é regulado. Antes do fervedouro há uma pequena cabana com bancos e lugar para trocar de roupa, ali já se encontra artesanato de capim dourado para vender.

Física da coisa: o fervedouro é uma mina d´água de grande volume, assim a água aflora por baixo do solo arenoso, que fica se movimentando ali. Ao lado da mina forma-se um lago, que deságua em um riacho. A força do movimento ascendente da água é tão grande que não deixa uma pessoa afundar no buraco.

Devido termos chegado bem cedo, fomos os primeiros visitantes; nem o dono estava ali. Assim pude ficar o tempo que quis, só desistindo de ficar mais porque as mutucas resolveram me atacar, e eram grandes... não tendo outras pessoas para dividir o sangue... fizeram um ataque em massa...kkk.

Fervedouro das Bananeiras!

Como o primeiro fervedouro da vida, a gente nunca esquece..kkk... vai aí a sensação: Ao chegar no centro do lago a impressão é que vamos afundar em um grande buraco... mas não afunda. A água é agradável, totalmente transparente, e pequenos peixes vem beliscar a gente quando se fica parado. É um local para curtir por bons minutos.

Debaixo d´água...transparência total, com direito a peixinho!

No fim da visita o proprietário chegou, e mais visitantes também. É o mais famoso, deve ser o mais visitado.

Bora motocar... próxima parada: Povoado de Mumbuca, o famoso local do capim dourado.

Segue na estrada, fácil de encontrar, tem placas indicando.

É um povoado pequeno, e a única "rua" central leva direto à lojinha da comunidade onde se comercializa as peças de capim dourado.

A galera das Kawasaki já estava lá... e foi chegando mais motoca!

É muita coisa de capim dourado, de anéis à peças grandes (vasos, aparadores, etc). Hora do presente das meninas... muita coisa, com preços variados de acordo com a complexidade das peças, mas relativamente barato, o duro é escolher.

Mumbuca: loja do capim dourado.

Enquanto olhava as peças... uma das senhoras da comunidade começou a cantar aquela música que ficou famosa nos programas de TV, uma adaptação da música popular "Alecrim Dourado" para a versão "Capim Dourado".

Difícil escolher um presente!

Regalos guardados... caminhamos para o segundo fervedouro, o do Mumbuca. Agora é a hora que estar acompanhado de alguém que conhece a região vale a pena; para ir a este fervedouro o caminho normal é sair do povoado e retomar a estrada, mas a volta é imensa. O atalho é o seguinte... ao sair da loja do capim dourado, continuamos na rua... descendo... e viramos à direita, passando por trás das casas, caminho de areião de cabo a rabo, no fim desta estrada há um sítio; na verdade, o fervedouro não é desse sítio, mas tem que atravessar por ele até o fim, pode ir de moto, e chega-se no rio, atravessa ele, e o fervedouro é bem perto da outra margem 

Ao atravessar o rio, águas transparentes novamente. A travessia é feita segurando em um arame de cerca liso, as pedras do fundo são ponteagudas, se o rio estiver cheio basta boiar o corpo e ir segurando no arame. Dependendo do horário do dia a areia das margens são muito quentes... quentes mesmo.

Rio para chegar no outro fervedouro.

O fervedouro é diferente, menor... é um lago com bordas bem rasas (0,50 metro), mas a nascente é grande e muito mais forte (creio que se alguém fechar a torneira desse negócio, deve ser um buraco imenso), dá para ficar em pé no meio, sem tocar os pés em nada, e o corpo não afunda além do peito. Muito maluco.

Não afunda!

Tem peixe também, esse é parente da traíra!

Dica: não pague a taxa de visita para o dono do primeiro sítio, pois o fervedouro não é dele, apesar dele oferecer o acesso mais fácil; mas há o risco do verdadeiro dono do outro lado cobrar e o visitante ter que pagar dobrado. Se o dono cobrar, na volta você avisa para o primeiro que já pagou. Como o dono não apareceu, paguei ao cara do primeiro sítio, o valor é R$ 10,00, mas o cara deu uma de esperto e quis me cobrar R$ 15,00... a jogada não deu certo... paguei o valor correto.

A volta é feita pelo mesmo caminho, quando passamos por Mumbuca já eram cerca de 11:00h e já estava tudo fechado, até a loja.

Destino: Cachoeira do Formiga. Segue pela estrada para São Felix, tudo areião, onde é possível pegamos os desvios laterais, mais fáceis de pilotar. No caminho há diversos locais que oferecem refeição... paramos em um deles, mas o pessoal demorou tanto tempo para aparecer... aliás, nem apareceu... que desisti de almoçar e mudei a refeição para o status "quando der a gente come".

A entrada da Cachoeira do Formiga é bem sinalizada, sem erro, chega-se fácil. Local com certa infra estrutura (simples) de banheiro e restaurante. Ali já foi uma Coca 600 ml, e pedido o almoço. Enquanto o rango não ficou pronto fui visitar a tal cachoeira famosa pela beleza.

E... realmente é um lugar show! Diferente das outras vistas, nessa é possível nadar muito. A queda é pequena, mas o volume de água é muito grande. O lago é grande, fundo e com duas partes, uma onde a água corre rápido e outra mais calma. A água chega a ser azul de tão transparente. Há um tablado lateral para quem não quer nadar só observar. Esta não foi a maior cachoeira que vi na vida, mas a beleza do lugar impressiona, paradisíaco.

Paradisíaco!

Geladooo!


A infra estrutura do local poderia ser melhorada, mas percebe-se o empenho do dono em cuidar do mínimo necessário. As fotos explicam melhor.

Almoço para o bucho: arroz, feijão, frango e macarrão... no meio da tarde, nada melhor!

O projeto não inclui continuar até São Félix, então... voltamos para Mateiros, para dar um trato na moto, arrumar as tralhas e descansar para a volta até Ponte Alta, segundo o Cristiano a volta é mais fácil do que a vinda... pois os areiões ficam na descida... estou meio ressabiado, mas amanhã veremos.

Deu tempo, no limite, de ainda pegar os Correios aberto, aproveitei para sacar um pouco de dinheiro para as despesas de onde não aceitam cartão.

Gasolina a mais de R$ 4,00 é bastante inviável, assim abasteci o suficiente para o trecho de amanhã, evitando levar peso morto. Só esqueci de comprar algo para o almoço, quando lembrei e corri aos mercadinhos já estavam fechados, então amanhã vou me alimentar só de café da manhã e água.

Jantar.. lógico, no Restaurante da Dona Rosa, escutando suas histórias da região. De novo... usei como "roupa de sair" calça e blusa de cross, com bota...rs, uniforme diuturno!

Dona Rosa... comida simples e espetacular!


Amanhã... volta para Ponte Alta, tocando direto até a Cachoeira do Brejo da Cama, que ficou para trás na vinda, e fechamento do Jalapão. Durmir em Ponte Alta novamente, e decidir para onde ir... Palmas? Voltar direto para casa? Desviar para Brasília ir ver a Dilma?

Descansa Negona!


Dica:
1) Em Mateiros há uma saída para a divisa dos três estados, Tocantins, Piauí e Bahia, nesta estrada há a Pedra da Baliza, uma formação rochosa isolada em meio ao cerrado, justamente no ponto da divisa, por isso o nome particular. Distância de Mateiros: 48 km, pela TO-247. Esse caminho é uma opção de entrada/saída do Jalapão para quem vem dos estados à nordeste e a sudeste do parque.

2) Seguindo para São Félix do Tocantins, há mais pontos a visitar: Fervedouro do Alecrim e Serra da Catedral. Uma opção para quem quer sair/entrar no Jalapão por Novo Acordo.

3) Segundo os guias, o parque tem mais de 180 fervedouros cadastrados, alguns inacessíveis e outros onde os proprietários das terras não tem interesse em liberar para visitação, assim, é comum encontrar placas indicando outros fervedouros, eu fui nos mais famosos, mas é possível se encontrar outras indicações nas pesquisas para montar o roteiro de uma viagem.


<<== 4º dia - 08/09/2015 - Ponte Alta do Tocantins - Mateiros


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