87º dia - Ita-Ibaté
25/11/2016
468 km (13.611 km)
Como era de se esperar, hotel ruim, café da manhã ruim, mas deu para alimentar e o importante é que deu para dormir bem e economizamos.
Lâmpada traseira trocada, moto arrumada, relação mega lubrificada, vamos rodar! O programa não muda, hoje vamos passar direto por Corrientes e dormir em algum lugar na Ruta 12.
Hoje, por uns momentos esqueci da relação emendada, cheguei a tocar até 130 km/h, mas a grande parte foi sempre tomando cuidado com tocada suave.
Paisagem rural, poucas fotos, rodamos bem, entramos na região do Chaco.
Passando por Florencia (102 km para chegar em Corrientes), a Gendarmeria fazia uma blitz, bem onde acabava a zona urbana; passamos bem devagar, como sempre, e quando fui retomar a acelerada, passando de segunda para terceira marcha ocorreu uma explosão, um barulho alto, seco e a moto parou de responder ao acelerador, encostei na hora e... a corrente estourou! Sorte, muita sorte mesmo, estar em baixa velocidade!
27°59'36.37"S, 59°13'45.95"O
Sol quente, comecei a empurrar a moto para uma sombra da única árvore visível à beira da estrada, há cerca de 50 metros. Quando eu já estava há uns 20 metros de chegar na sombra uma carreta enorme estacionou bem embaixo! O cara ferrou minha sombra! Então paramos em frente a uma porteira de sítio, já desolados e bem chateados por este problema, que agora seria bem grande. O jeito era descarregar a moto, pegar as ferramentas e começar o serviço para avaliar os estragos.
Sítio da Dona Elza
A dona do sítio veio ver porque seus cachorros latiam tanto, e explicamos o problema, ela nos deixou entrar no quintal do sítio e ficarmos sob uma grande mangueira, nos ofereceu água e acordou seu filho mais novo para nos ajudar, apesar de eu insistir que não precisava. O rapaz veio olhou e, na verdade, não ajudaria em nada.
Uma das pontas da corrente ficou presa entre o pinhão e a chapa de aço de proteção, pressionando tudo contra o bloco do motor, a primeira coisa a fazer era soltar tudo aquilo primeiro.
Dona Elza, a dona do sítio e seu filho mais novo, chamaram outro filho por telefone, que era... por uma incrível sorte,... mecânico de motos! E ele já estava vindo para ajudar.
Até o filho mecânico, Rodrigo, chegar, foi meia hora tentando soltar a corrente presa, cutucando com chave de fenda e alicate. Quando o cara entrou na porteira a corrente saiu! Pronto, era só colocar encontrar um pedaço de corrente, emenda e continuar a viagem (essa parte foi piada.... onde é que eu ia achar tudo isso?). Na primeira olhada do mecânico ele já condenou a corrente, ela estava torcida, era lixo!
Pronto, o pânico bateu... agora teríamos que pagar um frete até Corrientes e hoje é sexta-feira, amanhã é sábado, fim de semana não é um bom período para correr atrás de peça difícil de achar.
Mas o Rodrigo ligou para uma loja e disse que tinha uma corrente que serviria, e foi buscá-la. Uma hora depois ele chegou com uma corrente na mão, chinesa, de moto 250 cc, sem retentores, mas da mesma medida, tudo por 500 pesos (cerca de 100 reais). Lógico que era uma corrente fraca demais, mas caiu do céu e vai me levar para casa. Instalamos a corrente nova em 10 minutos e pronto!
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Cadena nueva!! |
O Rodrigo cobrou 40 reais pelo serviço todo, mas eu paguei 60, pois achei mais justo.
Dona Elza acordou seu marido e nos convidou para tomar um tereré gelado na cozinha, a gente ficou ali batendo papo com a família e rindo muito por mais uma hora.
É muito bom acontecer essas coisas providenciais... as pessoas boas sempre apareceram quando precismos nessa viagem e hoje foi excepcional receber o afeto daquela família. Muito obrigado!
Agradeço por estar em baixa velocidade no momento da quebra e pelo apoio da família!
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Todo mundo feliz! Bora rodar! |
E essa viagem tem história para contar!
Seguimos viagem continuando a tocada suave, pois a corrente era nova, mas era mais fraca. Passamos reto por Corrientes e pilotamos até o sol querer se por, paramos no posto YPF ACA Ita-Ibaté e pedimos para acampar no gramado ao lado. Hoje outro dia sem banho!
Montamos acampamento e na busca por comida na loja de conveniência o atendente nos recomendou pegar as motos e seguir mais 3 km à frente onde há um restaurante. Assim fomos, e o lugar era uma cidadezinha chamada Ata-Ibaté, onde até poderia haver alguma pousada, mas estava tarde para desmontar acampamento e voltar ali.
Jantamos um lomito cada (um lanche no pão de hambúrguer) e fomos dormir.
De higiene, somente escovar os dentes por hoje.
Agora faltam cerca de 1.220 km até em casa, para matarmos em 2 dias, ou seja ainda estamos em uma boa média de 610 km/dia, para andar em velocidade baixa por causa da corrente. E amanhã com certeza já dormiremos no Brasil!
Dicas:
- Gasolina: 19,95 AR (3,99 BRL)