Noite bem dormida!
Dia de visitar o Morro do Diabo, que não fica na sede do parque. O guia encontra os visitantes na praça da prefeitura, e de lá partem para o local; o horário combinado é sempre 08:00h.
Para evitar atrasos acordei às 06:00h, dando tempo de sobra para um banho, arrumar as tralhas, ir para a cidade e tentar tomar um café da manhã antes de fazer a trilha.
Ao sair do parque encontrei seguranças diferentes, mas com a mesma cordialidade dos anteriores. Paguei a hospedagem na guarita, e ainda garanti a volta para, pelo menos, usar a hospedaria para trocar de roupa após o almoço, e quem sabe tentar fazer uma das trilhas da sede.
Antes de sair, uma visitante ilustre resolveu dar umas voltas pelo gramado molhado:
Primeiro bicho do dia!
Dona anta de novo!
Saída do parque.
Foto oficial!
Andar de moto de manhã é sempre muito legal, o friozinho com nascer do sol sempre faz a gente ir devagar para olhar a paisagem. E por incrível que pareça, na estrada o Rio Paraná, em uma de suas curvas, fica à leste, e o sol nasce por trás dele.
Cheguei na praça da prefeitura às 07:30h, acabei não observando se havia alguma padaria no caminho, então fui dar uma olhada num boteco de esquina, somente salgadinhos fritos com cara de bem encharcados, não iam me fazer bem. Então, meu café da manhã foi um sorvete de leite, comprei mais duas águas para a caminhada da trilha.
O guia chegou pontualmente às 08:00h, quando já eramos 8 visitantes: eu, um casal e uma família. Falha grave minha, não anotei o nome do guia achando que me lembraria, e esqueci... então aqui o tratarei como "guia" mesmo! Desculpe-me guia!
A entrada da trilha para o Morro do Diabo fica há 14 km, pela SP-613, sentido Rosana; esta rodovia corta todo o parque pelo meio.
Portal do Parque.
Com a Red, não podia faltar.
É nóis mano!
E ao longe já se vê a obra da natureza!
Morro do Diabo.
Fazendo parte da paisagem!
A entrada da trilha que sobe o morro é trancada, sem acesso. A visita só pode ser feita mesmo com a presença de um guia agendado. Enquanto o grupo faz a trilha dois seguranças de moto ficam na entrada vigiando o portão e os veículos. Se alguém chegar atrasado, e o grupo já tiver começado a subir, perde o passeio, não pode andar sozinho lá. Muito bem organizado.
Logo no início da trilha nosso guia já passou as orientações gerais para não sair da trilha, não tocar nas plantas e em animais. Ali é ambiente selvagem e podem haver urtigas, espinhos, taturanas, aranhas, escorpiões e cobras, além dos não peçonhentos, mas de difícil visualização: onças, cervos, macacos e pássaros.
As explicações incluíram a história do parque e todo o trabalho feito para conservação do Mico-leão-preto.
A subida é cansativa e deve ser feita com calma, apreciando o caminho.
Segundo bicho do dia!
Por ali: subida!
Sobeee!
No meio do caminho havia uma cobra! Uma pequena jararaca que o guia achou. Não a incomodamos e ela foi embora tranquila.
Terceiro bicho do dia!
E finalmente, no topo. Fomos em três mirantes, com visões de todo o parque, do interior de São Paulo e também do Paraná, onde podia-se ver os Três Morrinhos, também área de visitação deste estado.
Vista para o Paraná.
Vista para São Paulo.
O marco da foto abaixo foi colocado pela Petrobrás em um antigo trabalho que levantava possíveis locais para exploração de petróleo e gás em São Paulo. Não acharam nada por aqui.
Marco da Petrobrás.
Em meio a mata atlântica se encontra um cacto? Explicável, como estamos muito próximo do Mato Grosso do Sul, já começa a haver uma transição para o cerrado e as espécies se misturam um pouco.
Cacto atingido por um raio.
No topo.
Mais meio metro dava 600!
Altura do morro: cerca de 250 metros.
Mata atlântica.
Red marcando presença.
Antes de descer nosso guia nos conta três histórias para o surgimento do nomo Morro do Diabo, vamos à elas:
Subir e descer: dizem que se alguém subir e descer o morro por 10 vezes, na última verá o diabo em pessoa!
Chifres e raios: antigamente o morro possuía dois chifres, que em dias de tempestade eram alvo dos raios, uma visão diabólica. Hoje estes chifres foram erodidos naturalmente e não existem mais.
Mortes: a história mais completa diz que naquelas matas viviam muitos índios. Em tempos de caçada os homens ficavam dias fora da aldeia, deixando mulheres e crianças sozinhas. Certa vez os bandeirantes, passando por ali, encontraram essa aldeia sem homens; para eles os homens eram importantes pois eram escravizados, mulheres e crianças não tinham serventia, então eles mataram a todos. Após a chacina os bandeirantes acamparam sobre o morro, para ter uma visão mais geral e decidir para onde ir depois. Quando os índios voltaram da caçada encontraram todos seus entes mortos, raivosos seguiram os rastros dos bandeirantes, armaram uma tocaia e mataram todos. Mas não pararam aí, esquartejaram os corpos e penduraram as partes nas copas das árvores. Após o fato os índios decidiram que ali não era mais uma terra boa para morar, pois foi local de muita tristeza, guerra e morte.
Como os bandeirantes mortos não davam notícias, outro grupo foi atrás deles, seguindo seus rastros chegaram no local do acampamento e encontraram aquela imagem de pedaços de corpos apodrecidos pendurados nas árvores. Com terror da imagem, atribuíram aquilo a uma ação do próprio diabo. E assim o morro ganhou o nome que tem até hoje.
Achei a terceira história mais legal.
Hora de descer. A descida não é tão cansativa como a subida, mas joelhos sentem as pancadas do terreno e doem bastante, pelo menos os meus!
No caminho, o quarto bicho do dia que chamou a atenção um bicho-pau, este inseto causa muita confusão e muitas vezes é confundido com o louva-a-deus, mas não são a mesmo coisa, então utilizando de meus conhecimentos agronômicos explico: o bicho pau é um inseto herbívoro, da ordem phasmatodea, facilmente encontrado em plantas das famílias das goiabeiras e é totalmente inofensivo. Seu andar inclui no movimento um característico balançar do corpo, simulando um graveto balançando com o vento (os louva-deus são insetos carnívoros pertencentes à ordem mantodea).
Bicho-pau, achando que não está sendo visto.
Ao fim da descida, nos despedimos do guia e seguimos cada um para um lado, os dois seguranças de moto trancam o portão da trilha e somente saem dali após o último visitante. Já era hora de almoço e resolvi seguir para a o Clube Pouso da Garça, na verdade uma pousada, onde o casal do grupo da trilha estava hospedado e me contaram ser um ótimo local.
O Pouso da Garça fica na estrada que vai para a sede do parque, um pouco antes deste. Tem ótima infraestrutura, com apartamentos com ar condicionado, piscina, bar, restaurante, local para camping, de frente para o Rio Paraná. Há opção de saída de barco para passeio e para pesca. Almocei no restaurante um comercial com peixe frito, por R$ 18,00 foi uma fartura só.
Mas o cardápio é muito completo, dando mais preferências para as porções, visto que na beira do rio o que deve mais sair são os acompanhamentos para uma cervejinha. O casal do grupo da trilha acabou chegando uns 15 minutos depois.
No local passeia uma arara, ela interage com os turistas mas é meio selvagem, o guia da trilha contou que o animal foi recuperado de uma posse ilegal e solto na natureza, mas de vez em sempre vai na pousada para ganhar alimento extra e alguns carinhos.
Arara, quinto bicho de hoje.
Concluí que esta é uma ótima pousada para se ficar na visita ao parque, pois oferece fácil acesso, tem atividades próprias, piscina e a infra estrutura é muito boa. Os valores variam conforme o apartamento, mas fica por volta de R$65,00 para uma pessoa, R$ 120,00 para duas, R$ 200,00 para quatro, mais ou menos.
Como ainda estava cedo, resolvi correr para o a sede do parque para fazer uma trilha, trocar de roupa e ir embora. Entre as 5 trilhas disponíveis na sede, escolhi a Barreiro da Anta, porque disseram que tinha um lago e uma ponto sobre este. Segredo da trilha, não parar, se não os mosquitos te comem vivo, então só andei e parei para algumas fotos.
Depois da trilha, uma passada no museu para ver algumas espécies taxidermizadas, interessante, mas não é uma excelência em naturalidade dos bichos, creio que seja mais para instrução das excursões de escolas, considerando que seja para educação de preservação, tudo é valido.
A rodovia SP-613, que corta o parque, causa muitos atropelamentos de animais, ao lado do museu há um cemitério, também deve ter a finalidade de educação.
Passeio concluído, desci aos vestiários perto da hospedaria, coloquei a roupa de viagem para pegar estrada e voltar para casa.
Arte: mico-leão-preto de arame
Última foto, na entrada da cidade. E o caminho de volta foi tão tranquilo quanto na vinda. Cheguei em casa são e salvo, graças a Deus. Até a próxima.
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Dicas:
Parque Estadual do Morro do Diabo - agendamentos da trilha do Morro do Diabo e hospedagem: (18) 3282-1599 e (11) 95652-0546. http://www.ambiente.sp.gov.br/parque-morro-do-diabo.
Clube Pouso da Garça - (18) 98118-2638 e 99694-7281, Rod. SPV 28 Rubens C. Herling, km 8 - Bairro Córrego Seco (é a estrada que leva à sede do Parque do Morro do Diabo, um pouco antes deste).