13 de novembro de 2016

Ushuaia - 16º dia - El Calafate

16º dia – El Calafate
13/11/2016
304 km (7.569 km)

Acordamos às 06:00 e coincidentemente, lá fora, 6ºC, com previsão de chegar aos 9ºC somente por volta do meio dia. E olhando pela janela, chovendo, tudo nublado e escuro. Tempo feio mesmo.


Em mim já deu um baixo astral, pois isso frustava toda a expectativa de conhecer a região, pois conhecer o Cerro Fitz Roy, Lago del Desierto, etc, depende de trekking. A idéia era a gente chegar a algum ponto de moto e percorrer os caminhos mais fáceis pelo menos. Mas com todo esse clima, praticamente nada disso seria possível.

Mas, dizem que "Onde existe uma vontade, existe um caminho", então resolvi fazer o caminho (pelo menos um), ir ao Lago del Desierto, visto que o percurso todo pode ser feito de moto, sem precisar de caminhar.

Não teve como convencer o Ednei a fazer essa loucura, na verdade não tiro a razão dele, minha idéia foi bem radical: sair às 08:00h para andar de moto, na chuva, de 6ºC, por estrada de terra, no meio da montanha.

Somente tomei um café da manhã rápido, não levei nada, apenas fui coberto pela capa de chuva. E saí pela Ruta 23, sentido norte. O caminho é totalmente de terra, a chuva fina não parou por nem um minuto.

Logos nos primeiros quilômetros já senti as meias molhando no lugar dos dedos, e conforme a moto passava nas poças d´água, molhava mais, dava para ir sentindo a água andando para o calcanhar.

Muito frio, chuva, rípio... mas muito bom!
A primeira parada foi no Chorrillo del Salto, no Rio de la Cascada, com uma caminhada de aproximadamente 300 m, uma cachoeira bonita, que seria bem proveitosa em um dia mais quente.



No caminho haviam algumas placas alertando para os Huemul, um cervo em extinção da Patagônia, os avisos tinham o objetivo de simplesmente não incomodar o animal.



Só vi estes dois no caminho todo:

Não vi nada, é a mesma foto da placa!...kkk


Todo o percurso é feito às margens do Río de las Vueltas, que nasce no Lago del Desierto e joga suas águas no Lago Viedma.



No caminho muitas homenagens à Gendarmeria Nacional, ou pela recuperação da região da posse dos chilenos, ou pelo trabalho dos soldados.




Depois de 37 km, cheguei no Lago del Desierto. Somente os pés molhados, doendo e duros. Subi em um morro ao lado do posto de guardas para observar o lago.



Muito bonito, muito grande, com um monte nevado à direita e um pico ao fundo, bem longe (quando as nuvens deixavam ver).



No posto de guarda um agente de turismo ofereceu o passeio de barco, mas precisaria de mais 3 pessoas para valer à pena. Ali havia somente algumas senhoras, japonesas, e não parecia que queriam passear de barco, e também não seria um passeio dos melhores naquelas condições. Apesar do preço ser baixo, apenas 150 pesos.

Vídeo com resumo da ida ao Lago del Desierto:



Aproveitei a cobertura para torcer as meias, secar um pouco, pedi duas "bolsas" plásticas para o guarda, o cara não estava muito a fim de ajudar, mas me deu dois sacos onde haviam migalhas de pão, vesti as meias, coloque os sacos por cima e vesti as botas, pelo menos as meias não encharcariam mais.

Na volta vi a placa para a Hosteria El Pilar, é por ali que se vai para o Glaciar Piedras Brancas, aprecisar o Fitz Roy, hoje, impossível.

A volta toda também foi sob chuva, cheguei no hostel meio dia, e o Ednei já estava com a tralha quase pronta para sair. Terminei de ajeitar minha bagagem e saímos, para El Calafate, ainda sob muito frio e garoa. Hoje seriam somente 213 km, pois El Calafate é onde vamos parar para conhecer o Glaciar Perito Moreno.

A garoa parou logo que chegamos à beira do Lago Viedma, incrível, mas dava para ver a divisão no céu, chuva para o lado da cordilheira, sol para o lado do deserto.

Ontem passamos direto pelo Lago Viedma, somente contemplando sobre a moto, hoje tiramos umas fotos.

Lago Viedma

De volta à Ruta 40, foram 126 km de asfalto até El Calafate, e para não perder o costume: muito vento e frio. Em El Calafate eu ia procurar uma luva nova, pois tá f*#@!

O caminho para El Calafate margeia outro belo lago, o Argentino!

Lago Argentino
Entramos na cidade e já fomos procurar um hostel, no caminho ao centro vimos o Hotel Patagón, paramos e ali ficamos, pois o frio estava insuportável, bastante incômodo. Descarregamos as motos e fomos rapidamente para a agência Hielo y Aventura, que opera o trekking no Glaciar Perito Moreno; para hoje, sem chance, tudo lotado. Marcamos para amanhã, as 15:00h, por 1.340 pesos ou 268 reais (sem traslado, de 450 pesos, pois vamos de moto). Recomendação: chegar com 30 minutos de antecedência.

Fomos passear pela Avenida del Libertador Gerenal San Martin: calçadão, lojas, comer empandas, tomar um chopp patagônico, ir em um bar de gelo e agendar um cordeiro patagônico para a noite.




No calçadão se compra de tudo, de lembranças a comidas. Vale à pena um passeio com calma, muita coisa para se ver.


Paramos em um quiosque para experimentar o chopp patagônico, um casal de motociclistas estava do lado e puxaram conversa: eram brasileiros, os donos da Ténéré que estava no mesmo hotel, em Gobernador Gregores, estavam fazendo uma viagem tranquila, sem correria. Gente fina!

Chopp patagônico, com pipoca!
O bar de gelo é o Glaciobar Branca, mas não é o que fica no Glaciarium Museu (deve ser tipo, filial). Este que fomos fica na Avenida del Libertador, e devido estarmos ali em frente, a escolha foi imediata.






Depois do bar de gelo, rodamos os restaurantes da avenida, procurando a melhor opção de carneiro patagônico. Os restaurantes tem vitrines, onde ficam os cordeiros assando.



Escolhemos um, Casimirio Biguá, verificamos o cardápio, escolhemos o 2x1 (prato para dois) por 460 pesos (46 reais por cabeça) que é o tradicional, mais em conta, que todo restaurante oferece. Porém, este é o preço somente do cordeiro, sem acompanhamentos, mas uma salada, arros e alguns legumes cozidos não aumentariam muito o preço, tudo com horário marcado.



Chegada a hora, já estávamos a rigor para o famoso jantar, eu de calça azul de motocros, bota de moto, gorro preto. O Ednei de calça de moto, blusa e gorro também. Fomos de táxi para o restaurante, de moto seria extremamente congelante, principalmente na volta. Chegamos no horário, povo lá dentro todo arrumadinho, com casacos o povo fica chique né, e a gente tava chique também..kkk!

Cordeiro patagônico: o que dizer? Fantástico! Pedimos acompanhamento somente de legumes cozidos, batas fritas e de um vinho Catena Zapata muito barato. Fomos atendidos por um garçom que viveu no Brasil, casado com brasileira, então ajudou um pouco.

Cordeiro Patagônico.. fantástico!
O garçom gente fina só não ajudou na hora de pagar a conta, o carneiro, acompanhamento e vinho não foram caros, mas os 10% e tal de cobierto, que era uma fortuna, judiou (segunda vez que caio nessa história de cobierto, coisa para ferrar turista, não adiantaria discutir, ia virar bate boca, pagamos e fomos embora). Não voltaremos neste mais!

Apesar do frio, fomos embora a pé, e acabamos entrando em outro restaurante, para se proteger do frio e olhar o cardápio, e não é que o Ednei ainda tava com fome? Parou e comeu um chorizzo! Eu só tomei uma cerveja e fiquei olhando... Mas foi bom entrar ali, pois ganhamos uma boa dica do garçon sobre onde comer um cordeiro patagônico mais justo: no Restaurante El Ovejero (na rua ao lado do YPF).

Lanchinho extra do Ednei.
Bem alimentados, uns mais que outros.... fomos dormir, muito frio.


Dicas:

- Gasolina: 13,77 AR = 2,75 BRL (Daqui até Rio Grande, disseram que o preço será sempre este).

- Hotel Patagón: Río Gallegos, 41 - 0800-444-9888 - www.patagonhotel.com.ar. Apartamento duplo: 900 AR = 180 BRL (preço médio).

- Hielo y Aventura - trekking pelo Glaciar Perito Moreno - com 3 tipos de passeio; 1) Minitrekking, que só vai à frente do glacial, 2) Big Ice, que vai ao centro do glacial, 3) Safari Náutico, que somente navega pela parede sul do glacial - Os preços são maiores na temporada (inverno) - Av. Libertador 935 - www.hieloyaventura.com.

- Glaciarium: museu e bar de gelo - http://glaciarium.com/es/ (não fomos nesse, fomos no da Av. Libertador).

- Restaurante Casimiro Biguá - Av. del Libertador Gral. San Martín, 963 - excelente, mas recomendado somente para quem quer gastar, a conta ficar cara. No post de amanhã haverá uma opção bem mais justa, com a mesma qualidade da carne.

- El Chaltén - é uma cidade nova, fundada em 1985. É um ponto estratégico da Argentina, visto que no passado, o Chile tinha interesse nesta área, a invadiu e alguns conflitos armados ocorreram ali. Possui cerca de 1600 habitantes. É uma região extremamente turística, e recebe viajantes o ano todo, com o objetivo de fazer trekking ou escaladas. A maioria dos visitantes procuram praticar atividades de montanha como o trekking, o montanhismo, rafting, calvagadas, excursões e os interessados em sua flora, fauna, ou pesca-a esportiva. O Cerro Torre é considerado uma das escaladas mais difíceis do mundo. El Chaltén é considerada a segunda melhor cidade do mundo para se conhecer.



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