6 de junho de 2015

Passeio em Curitiba - Dia 3

Passeio - Trem da Serra do Mar Paranaense

Acooorda cambadaaaa!!!
Dia de passear de trem até Morretes. O pacote é descer de trem e voltar de van, incluindo traslado ida-volta para o hotel.

Histórico: a ferrovia começou a ser construída em 1880, por ordem de D. Pedro I, e o objetivo era integrar o movimentado litoral paranaense com o pouco explorado planalto, além de fazer uma ligação entre os estados do sul e o Porto de Paranaguá. Para a obra foram contratados mais de 9000 homens e ousadamente foi inaugurada em incríveis 5 anos. Incrível pela tecnologia disponível na época, pois a ferrovia tinha 110 km de extensão, 13 viadutos, 30 pontes e vários viadutos de grande vão. Em 1996 a Rede Ferroviária Federal S.A. encerrou suas atividades e a ferrovia foi privatizada. A Serra Verde Express ficou com os vagões de passageiro para exploração turística, A América Latina Logística ficou com os vagões de carga e locomotivas, hoje as duas compartilham a ferrovia, e a ALL fornece, em parceria, as locomotivas para o trem turístico, desde 1997.

A van chegou depois das 07:00h, estava um pouco frio para os padrões paulistas, mas a galerinha seguiu animada.
A partida é na estação Rodoferroviária de Curitiba, tudo muito bem organizado e dentro do horário, estávamos preocupados com os lugares (numerados) que pegaríamos pois nos disseram que o melhor lado do trem é o esquerdo, mas a sequência lógica nos colocou em um par de poltronas do lado direito e outro do lado esquerdo, tranquilo então.

Estação Rodoferroviária

Embarque

Escolhemos o passeio no vagão tipo turístico, com poltrona estofada, guia e lanchinho incluso. O início do passeio ocorre pela região urbana de Curitiba, passando por Pinhais e passando por pequenas cidades, até atingir a serra em meio à mata atlântica. A guia bem informada vai informando sobre os dados históricos a todo o momento, além de indicar os pontos para as melhores fotos.


Em Piraquara, mais informações: esta é considerada a cidade Berço das Águas do Paraná, pois ali estão as principais nascentes do Rio Iguaçú, que é muito importante no estado, sendo o que deságua nas famosas cataratas. Inclusive é proibida a instalação de indústrias no município, que recebe um incentivo econômico por isso.

Hora do lanche!

Parada para passagem do cargueiro da ALL

Em uma parada para passagem de um cargueiro, alguém deixou cair alguma coisa pela janela, aí acontece aquelas coisas que podem acabar com o dia de todo mundo... melhor ver na foto:

Alguém segura pela perna, outro alguém dependura para fora do vagão, com um
pau de selfie... tudo para dar m3rd@!

E o trem passou, sem problemas.

Ainda em Piraquara chega a Estação Roça Nova, no ponto culminante da ferrovia, a 952 m de altitude, logo após surge o Túnel 13 ou também chamado de Túnel Roça Nova, é o último (no nosso sentido, primeiro) e o mais longo da ferrovia, com 452,7 m. Ao seu lado há um antigo túnel desativado em 1969 devido ao tamanho dos trens ter aumentado, ele foi arrematado e usado como adega.

Estação Nova Roça
Foto: wikimapia.org

Túnel 13

Túnel 13 ativo (direita) e desativado (esquerda)
(internet)

Adega do túnel desativado (internet)

Segue o trem, agora passando ao lado da Represa Ipiranga, também conhecida como Represa Véu de Noiva, onde há uma hidrelétrica. Por aqui passa uma trilha muito conhecida para exploração a pé, o caminho do Itupava, pelas janelas do trem era possível ver alguns acampamentos e caminhantes em vários pontos (no fim deste post coloquei mais informações sobre o Caminho do Itupava).



Represa Ipiranga

Represa Ipiranga - barragem

Próxima estação: Banhado, atualmente reformada, ali existe um triângulo para manobra de trens, que tinha o objetivo de fazer as trocas das locomotivas, pois dali para frente, até Paranaguá, não existia eletrificação.

Trecho da ferrovia com vagão abandonado

Antiga colônia

Estação Banhado

Depois desta estação o trem passa em frente à casa Ipiranga, totalmente em ruínas, ela serviu de moradia para o engenheiro daquele trecho de linha.

Casa Ipiranga

A todo momento o rio cruza a ferrovia.

Estação Véu de Noiva: inaugurada em 1885, inicialmente como posto telegráfico, hoje se encontra abandonada, em ruínas.

Estação Véu de Noiva

Visão da serra

Cachoeira

Ponte para a esquerda

Ponte para direita

Segue o trem, passando pelo Túnel do Diabo, próximo à Garganta do Diabo, uma fenda natural que divide a montanha.

Túnel do Diabo

Mais adiante passa-se pelo Santuário de Nossa Senhora do Cadeado, que era um posto telegráfico e é local de uma história muito macabra: em 1894 a república ordenou a prisão de alguns revolucionários, incluindo o Barão do Serro Azul, que foram chacinados ali, com seus corpos jogados no precipício, ali mesmo foram descobertos e enterrados por amigos, onde foi colocada uma cruz que se encontra no local até hoje.

Santuário de Nossa Senhora do Cadeado

Do alto da serra, em determinado momento, já se avista a baía de Antonina e Paranaguá; mas toda a atenção logo é dirigida para o lado esquerdo do trem, pois se aproxima a Ponte São João, muito famosa no trecho, ela foi projetada no Brasil, mas construída com aço vindo da Bélgica, possui 112 metros de extensão e 55 m de altura.

Sobre a ponte

Ponte São João (internet)

Mais à frente, um grande momento da viagem, entre o túnel 4 e 5: o viaduto do Carvalho, assentado sobre 5 pilares de alvenaria e percurso em curva, dá a impressão aos passageiros de o trem estar flutuando sobre a serra.

Início do viaduto

Na verdade, para se ter a sensação do trem voar, tem que conter a vontade de tirar foto com a máquina para fora do trem e ficar sentado, olhando para fora recuado da janela.

Foto clássica do trem no viaduto (internet)

Estação Marumbi, inaugurada durante o início da construção da ferrovia, várias construções foram feitas ali com o passar dos anos, algumas servindo de ponto de apoio aos "marumbistas", nome dado aos escaladores dos 8 picos existentes no Parque Estadual  do Marumbi, onde a estação se localiza. A construção atual data da década de 40, é um ponto de apoio aos mochileiros que fazem o caminho do Itupeva, ali é a única parada do trem na serra, para que os mochileiros possam embarcar ou desembarcar.

Chegando...

Estação


Picos do Parque Marumbí

Penúltima estação antes de Morretes, Engenheiro Lange é uma homenagem ao engenheiro responsável por muitos projetos na ferrovia. Está reformada, mas dizem que é só por fora, tipo: para inglês ver.

Engenheiro Lange

E a última estação, Porto de Cima, está abandonada e surgiu em local onde a Estrada da Graciosa se encontrava com a ferrovia, ponto de parada de antigos tropeiros.

Porto de Cima

Vagão, antes do desembarque

Em Morretes o trem para e os turistas são distribuídos em várias vans para o almoço do famoso barreado, prato típico. Fomos para o restaurante O Celeiro, que fica em um sítio afastado da cidade. O barreado é ótimo, farto, vem acompanhado de camarão e peixe, podendo ser reposto conforme a fome do cliente. Porém, em determinado momento, chegaram outras vans e o estabelecimento encheu de uma vez, os garçons se perderam um pouco e os pedidos começaram a ficar demorados.

O Celeiro

O Celeiro

O Celeiro

Aprovado. Sobrou?... Nada!!!

Barriga cheia, pé na areia, para Morretes de novo, onde passeamos pelas ruas comerciais próximas ao rio, onde havia de tudo e, lógico que algumas compras tiveram que ser feitas pela mulherada, inclusive da famosa bala de banana (só 3 pacotes) e as bananas chips. A caminhada durou pouco mais de 30 minutos até a Igreja Matriz de Nossa Senhora do Porto, também visitada.

Mercado de rua

Tem de um tudo 1...

Tem de um tudo 2...

Tem de um tudo 3...

Rio Nhundiaquara

Rio Nhundiaquara

Rio Nhundiaquara

De Morretes à Antonina são rápidos 35 km. Em Antonina a van circulou pela cidade rapidamente, não parou no Mercado Municipal... achei uma perda, mas eu já conhecia da viagem de moto de 2013 e, para falar a verdade, as meninas não perderam muito. E nada como ter uma guia para explicar curiosidades dessas cidades antigas,... senta que lá vem história:

- As dos antigos moradores de Antonina possuem algumas características marcantes, a primeira é que as janelas possuem sua parte de persiana voltada para o interior da casa e a parte de vidro voltada para fora, isso era para mostrar que os moradores tinham dinheiro para instalar vidraças que eram caras na época. As casas mais ricas também possuíam bonitas beiras, que são os beirais ao fim dos telhados que protegiam as paredes das chuvas. Mais curiosidade: as famílias mais ricas eram, geralmente, também proprietárias de terras, e o povo dizia que possuíam eiras e eiras de terra. Dai surgi a expressão "Sem eira, nem beira", para se referir a quem não tinha nem terras, nem casa.

Janelas com vidros para fora.

As beiras... de quem tem eiras.

- Antonina é famosa por suas serestas, que de vez em sempre saem pelas ruas tocando diversas músicas, em algumas casas há placas com nomes de músicas que os moradores gostam, nestas os grupos musicais param e tocam a música descrita na placa.

Pela luz dos olhos teus (Tom Jobim)

Terminamos a visita a Antonina na Igreja Matriz de Nossa Senhora do Pilar, que fica na praça Coronel Macedo, por onde demos uma volta rápida. Ali do alto a visão é da baia, do porto e das antigas construções Matarazzo. Fim da descida, hora da volta.

Construída em 1715

Nostalgia 2013... saudade da Transalp!

Baia do porto de Antonina

Ruínas da Matarazzo

A volta foi subindo a Estrada da Graciosa, relembrando os pontos que vi quando fui de moto, a van somente parou em uma lanchonete, onde comemos pamonha e milo verde. No mirante: o visual do porto de Paranaguá ao longe:

Do mirante: Paranaguá.

E assim seguimos para Curitiba, chegando no começo da noite.

Como era tarde, fomos jantar na indicação mais próxima dada pelo recepcionista do hotel, pedimos um lugar BBB. Assim chegamos ao Restaurante Frangão Churrascaria, com estacionamento na rua, local sem frescuras, com boa comida, self service completo; com frango frito, polenta, batata servidos na mesa; e rodízio de massas e de carne. Daria para comer muito, mas demos uma maneirada para dormirmos bem e aguentar com tranquilidade a viagem de volta amanhã.


Dicas:


Trem da Serra do Mar Paranaense
Compre pelo site:
www.serraverdeexpress.com.br

Restaurante O Celeiro
Estrada do Anhaia, s/n | Complexo Vale de Hebrom, bairro Fortaleza, Morretes
41 3462-4308
www.facebook.com/OCeleiroEcogastronomia

Caminho do Itupava
A Trilha do Itupava, foi o primeiro caminho que ligava o planalto ao litoral, antes mesmo da Estrada da Graciosa e da Ferrovia. Hoje é um roteiro para caminhada e camping, começando pelo Bairro Borda do Campo (município de Quatro Barras), passando pela Casa Ipiranga, Santuário do Cadeado, Estação Véu da Noiva, Estação Engenheiro Lange, até a Estrada da Graciosa, em Porto de Cima.
www.caminhodoitupava.com.br


Restaurante Frangão Churrascaria
BR 116 - KM107 - Pinheirinho - Curitiba-PR

41. 3346-1432 / 3246-1898
www.frangaochurrascaria.com.br

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